Canalha com álbum homónimo… “Canalha”

Os braços da cruz são o nome do projeto; a trave vertical, o nome do álbum de estreia. Assim como canalhas são os seus integrantes, os seus cúmplices, os seus ouvintes, mas também os seus detratores – um universo inteiro rebatizado, pois ninguém pertence em exclusivo às forças do bem.

 

Nove faixas no total, cujos alicerces são quatro temas inqualificáveis, onde a guitarra e a bateria exploram estéticas e referências várias, absorvidas e processadas de modo pessoal, envoltas em melancolia.

Intercalando as fundações do projeto, pontuam cinco peças. Um prelúdio, três interlúdios, e a coda. Peças experimentais, improvisadas em estúdio, sem qualquer roteiro prévio, a reforçar o imaginário cinematográfico e libertário que inspira e alimenta o processo criativo vivenciado por Hélder Dias e Paulo Urbano de Carvalho.


 

A estética, consubstanciada num desenho de font evocativo de cenários desérticos do oeste americano, bem como na capa deste álbum – onde se veem as sepulturas (reais?!) dos músicos que, na realidade, estão integradas no agora recuperado falso cemitério de Sad Hill, em Burgos (Espanha), mítico cenário da cena final da película The Good, The Bad and The Ugly de Sergio Leone (1966) – é complementar a alguma da sonoridade da banda, mas não é vinculativa. Há referências a essa época, a compositores e autores que edificaram um estilo agora clássico de cinema e composição – todavia, disruptivos no seu tempo – contudo, também se descobre neste cartão de visita abordagens que apontam para outros trilhos. Alguns talvez necessitem ainda da devida cartografia. Ainda assim, saltam à vista as influências de rock progressivo, psicadélico, stoner rock, post-rock e das bandas sonoras de Ennio Morricone.

O futuro poderá ser como o presente, mas também poderá ser algo totalmente distinto. O principal fundamento é a liberdade. A única regra é o prazer que se retira a cada jornada.

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