Beatriz Batarda regressa ao Teatro Viriato em Viseu para apresentar a sua mais recente peça, “C., Celeste e a Primeira Virtude”.
Com apresentação nos dias 27 e 28 de abril, este é um espetáculo que aborda os trilhos que o ensino artístico abre para o rasgo da invenção, esse lugar feliz em que a alma humana liga verticalmente a Terra ao abismo celestial. Uma criação que pretende contribuir para um debate honesto sobre a liberdade, o papel da Arte, o amor e o poder que se instala nos vários ismos – machismo, racismo, fascismo – e outras manifestações do medo.
O espetáculo articula-se com a vídeo-instalação “Corpos Celestes”, realizada por Beatriz Batarda e co-realizada e montada por Rita Quelhas.
Depois do Teatro Viriato, no primeiro fim de semana de maio, o Centro Cultural Vila Flor recebe a mais recente criação de Beatriz Batarda. O espetáculo tem dupla apresentação no Pequeno Auditório do CCVF, às 21h30 dos dias 5 e 6 de maio, sexta e sábado, respetivamente.
Um grupo de alunos do ensino artístico desenvolve o projeto final sob a direção da “Mestra”. Trabalham a partir de um relatório médico-legal e reconstituem os detalhes de um crime. Sentindo que o percurso académico está a chegar ao fim, os alunos, movidos pela ansiedade e pelo medo, entram em conflito. Cegos pelo desespero, o grupo liberta-se acabando tragicamente com a vida de duas pessoas. “O tema da educação nas artes, onde a peça se enquadra, é-me familiar, faz parte da minha vida quotidiana há já alguns anos, e serve o propósito de devolver aos mais novos a força da voz da vulnerabilidade, tantas vezes vampirizada pelos serviços gerados pela revolução tecnológica, assim como pela economia pós-industrial. Por considerar que, apesar de tentar acompanhar as mudanças, faço parte do mundo antigo, fantasiei dentro dos moldes de escrita clássica as possíveis ascensão e queda de um herói contemporâneo movido pela sede de fazer justiça, e desejo de recuperar a verdade sobre os acontecimentos traumáticos do passado colonialista que continuam a fazer-se sentir nos hábitos normalizados pela prática capitalista”, explica Beatriz Batarda, que neste espetáculo acumula três funções: autora, encenadora e atriz.
Photo: Estelle Valente/Teatro São Luiz