“Banda Sonora” de Ricardo Neves-Neves e Filipe Raposo em cena no Teatro Rivoli

Numa floresta de terror – com a Orquestra Académica Metropolitana ao fundo – vivem três meninas órfãs, de 8, 12 e 16 anos. Esta é a premissa de “Banda Sonora”, espetáculo que partiu da composição musical de Filipe Raposo, com texto e encenação de Ricardo Neves-Neves, e que chega agora ao Teatro Rivoli, nos dias 5 e 6 de abril.

 

A peça centra-se num dia de três jovens órfãs que representam ambições muito vincadas na sociedade e que se desmembram/multiplicam em três outras figuras através de texto falado e cantado, repleto de metáforas e contos (relativamente) tradicionais. Entre o nonsense, o delírio e a inocência extravagante, numa forte ligação a uma essência musical, rítmica e polifónica, percorre-se um caminho pela floresta desde a dissecação de sapos até à secreta introdução ao tabagismo.

O processo criativo deste trabalho – que durou apenas cerca de 2 meses – assenta em dois princípios: o primeiro seria que o texto decorreria da música, e não o contrário; o segundo seria que o universo a explorar seria o dos contos infantis. Assim, chegou-se ao resultado: “Fomos parar ao cinema de terror e isso acabou por marcar todo o ambiente, desde os sons ao cenário – que é uma floresta, uma presença muito forte no universo infantil, que remete por um lado para o obscuro, o sombrio, o medo, e por outro para a magia da Primavera”

 

Interpretada ao vivo pela Orquestra Académica Metropolitana, sob a direção do maestro Cesário Costa, a peça resulta das experiências com os 33 músicos e com as vozes de seis atrizes em palco. Um dos objetivos de Ricardo Neves-Neves, autor e encenador da peça, foi o de evidenciar o “lado trágico e efémero da vida, e mostrar a pouca importância que muitos lhes dão, mesmo que tal se deva a infantilidade ou ignorância.”

 

Photo: Alípio Padilha

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