Apesar da sua já considerável discografia, Andrea Belfi é ainda um segredo bem guardado. No entanto, o músico italiano não escapa aos olhares mais atentos. O radialista e DJ Gilles Peterson atribui-lhe culto, a revista especializada Wire diz que é autor de “uma belíssima e inspirada exploração” e o jornal britânico The Guardian enumera as suas capacidades de levar um kit de bateria para além do óbvio e do esperado. Aliás, Gilles Peterson e Mary Anne Hobbs, jornalista do The Guardian, colocaram Ore, o álbum com o qual o baterista se estreia nas rodelas pela editora FLOAT, como um dos melhores lançamentos de 2017. Ore atira a bateria para uma hipnótica experiência auditiva e lança os dados: estamos perante aquilo que se prevê ser uma longa e brilhante carreira de um músico.
Ao longo dos anos, Belfi construiu um mundo sonoro que combina um set-up de uma bateria dos tempos que correm com uma componente eletrónica. A reputação que conquistou é fruto das suas apresentações ao vivo, mas também resultado das suas inúmeras colaborações com artistas bem reconhecidos: Nils Frahm, com quem integra o projeto Nonkeen, Mouse on Mars, Jóhann Jóhannsson, Mike Watt, Circuit des Yeux, David Grubbs, entre muitos outros nomes reputáveis. Recentemente, assegurou a primeira parte da digressão mundial de Modern Boxes de Thom Yorke, feito que o levou a festivais como o icónico Montreaux Jazz Festival. Para trás, anterior às suas participações com músicos bem conhecidos da nossa praça, está uma lista infindável de colaborações e projetos diversos, que mostram a multiplicidade do músico nos diferentes domínios da música: no free-jazz, onde até tem um encontro com o português David Maranha, na conceção de música ambient e na exploração experimental, no encontro com as guitarras do post-rock ou na desafiante eletrónica avantgarde.
Em julho deste ano, Belfi voltou aos discos, desta com um EP. Strata resulta da experimentação de Belfi sobre os ritmos magrebinos Gnawa, um género de música do norte de África que, com maior popularidade no ocidente nos últimos anos, tem conquistado a atenção de um conjunto de músicos europeus, nos quais se destacam os nomes de James Holden e Floating Points.
Dia 6 de Dezembro na blackbox do gnration em Braga