Alkantara Festival… Afrofuturismo, um futuro sem opostos e dança sem idade

A edição deste ano do Alkantara Festival – Festival Internacional de Artes Performativas chega ao fim no próximo domingo.

Até lá, ainda será possível assistir à estreia nacional de Cosmic Latte (26 e 27 de novembro, no Teatro do Bairro Alto), da coreógrafa camaronesa-finlandesa Sonya Lindfors e à apresentação de Velhs (27 e 28 de novembro, no São Luiz Teatro Municipal), de Francisco Camacho, um dos protagonistas da história da Dança Portuguesa.

 

Cosmic Latte, criação de Sonya Lindfors – que se apresenta pela primeira vez em Portugal e cujo trabalho se revela anti-racista e feminista —, é também o nome dado, por cientistas, à cor média do universo. Aqui, Cosmic Latte é um sonho radical sobre um lugar de liberdade onde passado, presente e futuro se unem numa zona mística, livre de limitações e fronteiras. A cena acontece no futuro, em 3021, numa altura em que os opostos se dissolveram, como o negro e o branco, que aí estão contidos um no outro. Este é um trabalho sobre identidade Negra onde o conceito de Afrofuturismo, arte contemporânea, cosmologia da África Ocidental, Sun Ra e Bach coexistem.

No dia 26 de novembro, haverá uma conversa pós-espetáculo entre Sonya Lindfors e a arte-curadora Melissa Rodrigues, com moderação da jornalista e ativista cultural Carla Fernandes. Esta conversa será em inglês e português, com tradução simultânea.

 

Nos mesmos dias, às 21h00, continuam, na Culturgest, as apresentações de O Susto é um Mundo, a mais recente criação de Vera Mantero. O espetáculo, que estreou na semana passada no Teatro Municipal do Porto, explora mecanismos de combate ao totalitarismo, fascismo e ecocídio.

 

A marcar o encerramento do festival, Francisco Camacho leva ao palco do São Luiz Teatro Municipal o espetáculo Velhs, nos dias 27 e 28 de novembro, às 16h00. Esta criação de Francisco Camacho, que estreou em 2019, no Theatro Circo, em Braga, vem desafiar as ideias que dominam a prática da dança, como a juventude, a pujança e a superação física: afinal, até que idade se pode dançar?

 

Ao som da música ao vivo de Sérgio Pelágio, seis bailarinas e bailarinos com idades a rondar os 50 anos – Ana Caetano, Bernardo Gama, Carlota Lagido, Filippo Bandiera, Francisco Camacho e Sílvia Real – convocam os seus passados através de objetos e movimentos que fizeram e marcaram os seus percursos para refletir sobre a sua relação com a fisicalidade e o desejo de movimentarem os seus corpos.

 

A peça enquadra-se no programa “Dança sem Idade”, desenvolvido pela estrutura artística EIRA, dirigida pelo coreógrafo e bailarino português Francisco Camacho. A última apresentação de Velhs, a 28 de novembro, conta com interpretação em Língua Gestual Portuguesa. Após essa sessão, haverá ainda uma conversa com Francisco Camacho, os intérpretes e Susanne Martin, investigadora, coreógrafa, bailarina e professora na área da dança contemporânea sediada em Berlim. Esta conversa, com moderação de Carla Fernandes, será em inglês com tradução simultânea em português e interpretação em Língua Gestual Portuguesa.

 

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