“Agarra Em Mim”… junta Ana Moura a Pedro Mafama

A primavera de Ana Moura ainda está a começar. Depois dos gritos de liberdade artística (e não só) de “Andorinhas” e “Jacarandá”, apresenta-nos “Agarra Em Mim”. Nesta canção hipnótica de balanço estonteante, Ana Moura volta a evocar todas as suas raízes multiculturais — a tradição do fado, as influências arabescas estampadas no seu nome, a África que tanto corre no seu sangue como nas ruas de Lisboa. A mistura e a mestiçagem enquanto forma musical, statement moral e, acima de tudo, expressão real e honesta do que é a vida da artista.

 

É também uma canção especial porque marca o encontro entre Ana Moura e Pedro Mafama, depois de já terem partilhado uma “Linda Forma de Morrer” no álbum “Por Este Rio Abaixo”. Em “Agarra Em Mim” encontramos uma balada moderna de veia poética superior e melodia contagiante, onde a voz ímpar de Ana Moura se entrelaça com os versos vulneráveis de Mafama.

É um tema de cumplicidade, de amor declarado, eternamente “escrito no papiro”, sem a “faca, essa velhaca que ontem nos matou aqui” e que aqui jaz. Há lágrimas e calor, aconchego e procura de redenção, laivos sensuais e uma queda no abismo. Uma canção que soa tão íntima e ao mesmo tempo tão universal, com uma larga amplitude e riqueza emocional. Para refletir e dançar agarrado.

 

O fruto materno dessa dança a dois está também, claro, evidenciado no vídeo assinado pelo realizador Bernardo Lopes. Além de tudo isto, esta partilha tem significado porque Mafama tem sido, enquanto músico, um dos grandes colaboradores de Ana Moura, a par do produtor Pedro da Linha.

 

Agarra Em Mim” é mais um avanço do novo álbum, um dos mais aguardados do ano, que será a derradeira concretização da artista que Ana Moura ousou ser. Mas não se esqueçam. Por mais que o sol já brilhe entre as árvores, a primavera de Ana Moura ainda só está a começar.

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