Adiar o BONS SONS é deixarmos para depois o aconchego de um lugar singular…

Adiar um encontro é sempre difícil. Adiar o BONS SONS é deixarmos para depois o aconchego de um lugar singular, vivo e dinâmico, criado por uma aldeia inteira e pelas pessoas que a vêm viver, a cada edição.

Um festival e uma aldeia que existem e continuam a querer existir pela contemporaneidade no campo, por uma plataforma cultural, pelo planeamento do território, pela cidadania participativa, pelo envelhecimento ativo, pelo ensino em comunidade, por projetos de território, por uma ação sustentável, pela criação de espaço público e pela cultura popular.

Deixamos em anexo a declaração da organização do Festival BONS SONS… Até 2021

 

“Esta quinta-feira recebemos com tristeza, mas sem surpresa, as decisões do Governo que impedem a realização de qualquer festival até 30 de setembro 2020, por razões de saúde pública. Acolhemos, respeitamos e compreendemos esta decisão, para o bem de todos, e anunciamos o adiamento da 11ª edição do BONS SONS: de 12 a 15 de agosto de 2021.

 

Todos os anos, convidamos milhares de pessoas a “viver a aldeia” e recebemo-los de braços abertos. Quem já habitou este lugar em agosto sabe que a vivência da aldeia implica proximidade, é feita do contacto direto entre pessoas de todas as gerações, uma partilha entre quem recebe e quem visita, num tributo consistente à diversidade, às causas comuns e plurais, às aldeias que se transformam, criam e acolhem, à música portuguesa e à cultura sem dono. Foram 10 edições e 13 anos de partilha numa aldeia que é também de todos aqueles que nos visitam e vivem connosco momentos únicos.

 

Este ano, o contexto impede-nos de viver estes momentos. Agora, estarmos juntos é adiarmos este encontro para daqui a uns meses, permanecendo próximos até lá e que, em conjunto – festival, parceiros, público – possamos garantir o futuro de um festival que vive, em grande parte, de receitas próprias. Neste caminho, há perdas para todos e a vários níveis: artistas, técnicos, agentes, fornecedores, parceiros e serviços da região, que deixam de beneficiar do impacto sócio-económico e mediático significativo deste festival, estimado em 3,5 milhões de euros, em 2019.

 

O BONS SONS é mais que um festival, é uma aldeia em manifesto. Faz-se de ação, dia-a-dia, em comunidade, na resiliência que caracteriza Cem Soldos e que acreditamos contagiar outras pessoas, outros lugares e projetos. A associação cultural que lidera a dinâmica comunitária que cria o BONS SONS – o Sport Club Operário de Cem Soldos – teve de reaprender a manter uma comunidade ativa e a adaptar-se nestes tempos imprevistos, estranhos e muito difíceis. Planeamos uma retoma controlada e segura de atividades, eventos e serviços, repensando formatos e causas, aproveitando para encetar novas formas de organização comunitária que respeitem, integrem e envolvam todos. Preparamo-nos para construir um futuro mais sustentável, mais solidário e inclusivo e continuamos a trabalhar para proporcionar o desejado encontro na 11ª edição do BONS SONS.

 

O BONS SONS 2021 transporta um desejo que se tornou universal: na próxima edição, mais do que em qualquer outra, queremos habitar a rua e fazer da rua a nossa casa comum – o mais desejado ponto de encontro. Uma ocupação que reivindica a rua e que representa transformação, transição, movimento e trajeto e que é, ao mesmo tempo, agregação e ponto de encontro, que é o ponto de partida e um dos objetivos maiores do BONS SONS. De 12 a 15 agosto, Cem Soldos espera poder receber todos e ocupar o seu espaço, num ambiente seguro e de partilha, para vivermos, com muita vontade, os momentos quentes, felizes e cheios de música feita no nosso país que o BONS SONS oferece.

 

Agradecemos todo o apoio, amor e força que temos recebido ao longo destas semanas do nosso público, bem como de artistas, técnicos, agentes, parceiros, serviços da região, fornecedores, imprensa e toda a comunidade que vive o organiza o BONS SONS.

 

Durante os próximos dias, logo que a Assembleia da República transforme em lei a decisão do Governo comunicada ontem, iremos partilhar informações mais concretas, na esperança de que proteja tanto os nossos visitantes como a população de Cem Soldos e os projetos sociais que a associação cultural desta aldeia dinamiza.

 

Queremos voltar, fortes e seguros, em 2021, para juntos voltarmos a viver a aldeia e habitar a rua.

Até lá, ficamos por perto”

 

photo: Paulo Homem de Melo / arquivo Glam Magazine

 

 

 

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