A sofisticação romântica de Jamie Cullum na Super Bock Arena

Corria o ano de 1982…  o mundo recebia com curiosidade o tema “Avalon” dos Roxy Music.. Era o início de uma sonoridade muito particular, que fugia dos canones standards da música pop lançada na década de 70, mas que não se encaixava nem no rock ou noutro qualquer tipo musical vigente na altura, onde a new wave marcava o espectro sonoro.

Ao longo dos anos 80, nomes como Matt Bianco, Basia, The Style Council ou até os Prefab Sprout, trouxeram à pop a sofisticação do jazz e da Soul, tudo num efeito contagiante e elegante e bem delineado.

No final dos anos 90, um miúdo rebelde com formação clássica, resolve ressuscitar essa sofisticação através de uma pop irreverente e pincelada de instrumentais cuidadosamente  elaborados com mestria, debaixo de uma irreverente cortina de jazz, em “Heard It All Before

 

24 de março de 2023… 6 anos depois Jamie Cullum regressava à cidade do Porto, onde recuperou essa aventura, iniciada à 20 anos, o eterno o “I get a kick Out of you” de Cole Porter, depois de ter servido de entrada “All at Sea” do álbum “Twentysomething” de 2003 e “Sinnerman” um original de Nina Simone.

Deixando a pop afastada durante uma primeira parte do concerto na Super Bock Arena, o piano de Cullum foi a ignição para a descriminada sofisticação sonora da sua música.

Com uma legião expressiva de fãs em Portugal, o britânico elevou a sua mestria para níveis equiparados a uma pintura expressionista com pinceladas de romantismo, o que lhe trouxe à memória a namorada Portuguesa…

Acompanhado e palco por um conjunto de músicos irrepreensíveis, o concerto de Jamie Cullum, 20 anos depois da sua estreia em Portugal, provou que quando atingimos a idade adulta na música, ficamos mais bonitos (sonoramente), palavras de Jamie na Super Bock Arena.

A enunciada sofisticação dentro do romantismo, encontram-se em palco, debaixo de cornucópias visuais, ilustrando o lado mais simplista das canções de Cullum, brindados por uma chuva de aplausos e de efeitos luminosos por parte do público, seguindo-se por um dia momentos mais fortes e emotivos desta sofisticação.

Jamie e os seus músicos ocuparam a parte central do palco, transformando o ambiente numa celebração de forte inspiração gospel, bafejada pela apresentação Acapella, de forma a fechar “a primeira parte” do concerto.

 

Quando tudo encaminhava para a continuidade da sofisticação romântica, a energia dos 43 anos de Jamie solta-se numa fugaz performance junto do público, abençoada de seguida pelas sonoridades funk africanas, num frenesim caótico mas sempre comandado pelo piano, mas com a Super Bock arena transformado numa pista de dança (a ideia de um público sentado não resultou diga-se).

Era o inicio de uma segunda parte, repleta de energia onde alguns temas clássicos da música serviram de inspiração para despertar um público, ávido por ritmos frenéticos e dançáveis.

Palavras para que… é Jamie Cullum

Queremos mais noites assim… é como foi ilustrado no encore, onde o romantismo sofisticado regressou com o piano do britânico… “Please don’t stop the music”…

Reportagem: Sandra Pinho

Fotografias: Paulo Homem de Melo

 

 

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