A Sintonia no Altice Arena… “Estou na Moda” do primeiro dia

Na passada quinta-feira, o SBSR.FM Sintonia arrancava no Altice Arena com as Moche Talks. Às 17h15 iniciavam os concertos com a mesma banda que encerrou o Emergente 2020 – os Hause Plants. É fácil de escutar o trio quando sintonizamos a frequência 90.4 fm Lisboa. “City Vocabulary“, primeiro single do bedroom pop, divisão composta também por 80’s post-punk e shoegaze. Se já soa bem na rádio, ao vivo é ainda melhor! Eles moveram-se de uma ponta à outra do palco, genuinamente contentes por ali estarem.

Após o concerto de Paulo Bragança ter sido transmitido em directo pela rádio SBSR, às 19h15 subiram ao palco principal o Conjunto Cuca Monga, em trajes muito coloridos. A Arena estava a meio gás mas não por isso deixou de transmitir calor ao divertido Conjunto lisboeta composto por 18 homens e 2 mulheres, boa representação da Indústria da Música, ainda demasiado fálica. Este concerto ficou marcado por ter sido a última vez que Gastão Reis, baixista dos Zarco pisou um palco. O músico foi vítima mortal da recente derrocada dum prédio na Rua de Santa Marta, em Lisboa, devido a explosão por fuga de gás. Muito apesar disso, até porque o trágico evento era impossível de prever, o Conjunto Cuca Monga deu um concerto muito bem disposto. A penúltima canção tocada foi a popular “Estou na Moda“. De destacar o momento em que se colocaram todos lado a lado a dançar, recordando a lei da frontalidade egípcia.

No intimista palco Ermelinda, Amaura entregava-nos a sensualidade da sua voz. De óculos escuros, argolas e rastas como um breve vislumbre em forma feminina de Stevie Wonder e Lenny Kravitz, Amaura derrocha confiança e flow. Para além disso, as suas letras trazem sempre uma mensagem positiva e de amor.

Às 20h30, de volta à Arena, Chino da Tina estava determinado em tornar a sua passagem pelo Altice Arena um momento inesquecível.

A trapstar de Viana do Castelo tornou o seu concerto num mixto de stand-up comedy, romaria de auto tune e mostra de relicário. Um espectáculo interdisciplinar de componente satírico, vá.

Pensar que conheci o Chico na FNAC a perguntar por um filtro pop…

Recomendo fortemente como banda sonora romântica na pista de carrinhos de choque mais próxima.

 

Já no palco da Sala Tejo, a música era totalmente outra, já que se celebravam os 40 anos do álbum “Closer” de Joy Division, editado no dia 18 de Julho de 1980.

O projecto idealizado por Paulo Lázaro contou com as vozes de Nancy Nox e João Peste, a guitarra de Flak, a bateria de Luis San Payo, o baixo de Alexandre Cortez e os teclados de Felipe Valentim, todos músicos conceituados do nosso melhor pop rock. O concerto terminou já depois das 21h30 com chave de ouro – “Love Will Tear Us Apart“.

A dose de hip hop ficou reservada para o final da noite de 17 de Dezembro com ProfJam + Benji Price. Solidários com o público, decidiram cantar sentados. A incorpada voz de ProfJam e a boa cumplicidade com o Benji resultaram num concerto sólido. Ambos praticamente de preto mostraram porque é que um punhado de boas letras sinceras na boca dum bom rapper encima dum bom beat conseguem representar a forma de estar e sentir dum bairro, dum grupo dispensando versos misóginos e sem medo de usar expressões de fé. Mesmo assim diria que o maior credo  é o hip hop, nisso desaparecem quaisquer discrepâncias.

 

Reportagem: Magda Costa

Fotografias: Lucas Coelho

Partilha