Podia começar a reportagem do terceiro dia como tantas outras, que o tempo estava bom, o público chegou cedo, o recinto estava composto… o blah blah do costume mas não vou fazer… isso fica para outros…
Prefiro sim falar dos 3 cavalheiros de Chicago que de uma forma espontânea resolveram brindar o público com um concerto à entrada do festival no último dia.
Os Shellac são a única banda a fazer o pleno em todas as edições do NOS Primavera Sound. São 8 anos e 8 concertos, a rivalizar com Ivete Sangalo noutro festival mais a sul. Mas se a banda, já mítica do festival, tinha no curriculum 8 concertos, aumentou a fasquia para 9 este sábado.
As canções de Shellac são simples, rock orgânico e sem invenções. Steve Albini, Todd Trainer (o carismático baterista do trio) e Robert Weston, já apelidados de “Los 3 Caballeros de Chicago” não inovam nem procuram novos fãs. Sabem que as suas músicas têm o seu público certo, não procuram legiões de fãs, procuram sim encontrar um escape das suas vidas ocupadas diariamente. Basta recordar que o seu último disco, “Dude Incredible”, data de 2014.
Shellac tocam por prazer, por gosto e por amor à música, gostam inda de mostrar do que gostam, as suas t-shirts que por norma Steve Albini e Bob Weston usam evocam nomes da bandas mais ou menos obscuras para muitos. Desta vez só conseguimos descortinar a referência aos Cocaine Piss.
Ao fim de 8 anos, este concerto incomum foi um presente para um público que chegava e uma gratidão pelos homens de Chicago para com um festival que está sempre de portas abertas para a sua música.
Arrisco a afirmar que para 2020, os Shellac fazem companhia aos Pavement no alinhamento já conhecido.
Fotografias: Paulo Homem de Melo
Reportagem: Sandra Pinho