O lançamento do “Doppler”, assim se chama o 4º álbum do one-man-band alfacinha e residente no Porto, começou sobre a hora marcada, 23h30. A cortina do “Doppler” abriu-se com “The Sheep“, a 6ª faixa do álbum. Lá fora estavam a pingar águas de santificar…
O nome registado nos documentos oficiais é Manuel Molarinho, o mesmo que impulsiona iniciativas musicais como o Zigur Fest e Um Ao Molhe. Na realidade, o Manuel andou pelo País fora e dentro com estas tracks na mala do baixo durante uns anos… Com o nascimento da editora Saliva Diva, da qual faz parte, foi o momento propício para compilar o que são faixas com uma forte base exploratória e puntiaguda forma com venenos chamados ironia e sarcasmo. Retrata o sentir urbano, a aceitação da postura que assumimos na sociedade (“Coward“), porque saímos à noite (“Downtown“) ou como nos sentimos quando queremos esquecer alguém (“It’s You”).
O Sabotage estava meio cheio mas devagarinho recheou-se e rendeu-se ao magnetismo do baixo d’O Manipulador. O backline estava preparado para receber a seguir Conferência Inferno.
Loopstation. Estávamos a ouvir a “Downtown“, tão a propósito. Muitos pedáis, mas sobretudo o baixo, que ele viola com tanto jeitinho e audácia. Perito em reconhecer os pontos fracos, muitas vezes, nódoas negras e feridas a que nos habituámos sem parar de dançar.
“We are going Downtown but we know it’s all a lie”
Neste projecto, o músico a solo escolhe escrever em inglês ao contrário do que faz em Baleia Baleia Baleia.
“If you rule the world” deixou as paredes do melhor club de rock n’roll lisboeta a vibrar! Será que foi de prazer?
A música do Molarinho é uma viagem pelo bosque sinistro da cidade. Basta andares encima das cordas do seu baixo. Antes de acabar o concerto ainda houve tempo para uma salva de palmas para o Carlos Costa do Sabotage em jeito de genuíno agradecimento.
No final, O Manipulador brindou-nos com uns belos minutos de improvisação por seu belo prazer! Eléctrico!
Reportagem: Magda Costa
Fotografias: Pedro Gonçalves