Walk&Talk completa nove edições com novo pavilhão e múltiplos circuitos de arte

O programa do festival anual dedicado à criação artística contemporânea é organizado em torno de Circuitos de Arte que integram a apresentação de projetos em vários locais da ilha de São Miguel, residências artísticas e de curadoria, exposições, performances, concertos, conversas, eventos paralelos e iniciativas que promovem a produção e partilha de conhecimento com as comunidades locais, migrantes e visitantes do arquipélago.

Em 2019, o Walk&Talk volta a ter “casa nova” no Largo de São João, em Ponta Delgada, onde será construído um pavilhão temporário assinado pelo coletivo Artworks & GA Studio e com um projeto inspirado, no seu conceito e forma, pelo tradicional capote açoriano. O pavilhão Walk&Talk acolhe o público e abre-se à cidade como o principal palco, ponto de encontro e convívio do festival. O novo projeto foi selecionado no âmbito da primeira edição de um concurso internacional de arquitetura, que envolveu vinte ateliers convidados.

 

Com curadoria dos The Decorators, um coletivo multidisciplinar sediado em Londres e constituído por Carolina Caicedo, Mariana Pestana, Suzanne O’Connell e Xavi Llarch Font, em 2019 o Circuito de Arte recupera a ideia de expedição. Porém, ao contrário das expedições realizadas às ilhas no século XIX, por mentes racionalistas em sintonia com o espírito do Iluminismo, a expedição ao Walk&Talk será realizada por artistas motivados por fenómenos imensuráveis, irracionais e ininteligíveis. A proposta curatorial toma uma abordagem empática, incentiva a “fundir em vez de medir, personificar em vez de classificar, viver e não explicar”. Os sete novos projetos que serão criados em vários locais de São Miguel vão procurar “incorporar a ilha e produzir experiências no terreno, em colaboração com as comunidades e as paisagens, paralelamente, pretendem repensar a nossa relação atual com a natureza e ensaiar abordagens alternativas”.

Sete projetos individuais inéditos apresentados em simultâneo, em cinco locais da cidade de Ponta Delgada, pelos artistas Andreia Santana, Gonçalo Preto, Maria Trabulo, Rita GT, Mónica de Miranda, Miguel C. Tavares & José Alberto Gomes e Diana Vidrascu. Os projetos mapeiam o Circuito de Exposições Walk&Talk, que pela primeira vez será organizado em torno de uma proposta curatorial a cargo do curador Sérgio Fazenda Rodrigues. O circuito Untitled explora a ideia de “identidade”, na sua relação com questões de género, história, paisagem, arquitetura, arqueologia e outros campos das ciências, para refletir a ação do coletivo na construção do “lugar” geográfico, ao mesmo tempo lugar social, cultural e emocional, síntese e contentor de identidades autónomas.

Resulta de residências realizadas pelos artistas e o curador nos Açores, entre 2017 e 2019, e vai expandir-se por espaços públicos, privados, museológicos e devolutos, fazendo emergir a criação artística contemporânea da malha urbana, diversificada, por vezes tensa e assimétrica, da própria cidade. Em paralelo, no dia 4 de julho, o artista Olivier Notellet inaugura a individual que assinala a pré-abertura do festival, como habitual, na Galeria Fonseca Macedo. No sábado, dia 6 de julho abre portas na MIOLO – Livraria, Galeria, Editora, a exposição coletiva com curadoria do estúdio de design Ilhas, fundado por Catarina Vasconcelos e Margarida Rêgo.

Durante o festival iniciam novas residências no Walk&Talk, na área das artes visuais, os artistas Abbas Akavan, Daniel Bracken, Nadia Belerique e Madalena Correia, vencedora Jovens Criadores Açorianos 2018. Continuam em residência as artistas Luísa Salvador e Polliana Dalla Barba, e a dupla Sofia Caetano & Elliot Sheedy prossegue a produção da longa-metragem The Happiest Man. Na área da música, Michelle Blades e Rodrigo Araújo (Vaiapraia) vão compor nos Açores um novo álbum de inéditos que será editado pela Midnight Special Records, apresentar uma performance ao vivo e, em colaboração com o realizador Tomás Paula Marques, produzir um documentário sobre o processo artístico. A este grupo de artistas vão ainda juntar-se os vencedores dos Open Call 2019 e os convidados pelo curador Miguel Flor para a sexta edição da RARA – Residência de Artesanato da Região dos Açores, onde designers de todo o mundo e artesãos locais cruzam técnicas, matérias-primas, “saber fazer” e afetos para a criação de novos objectos.

At the Still Point of The Turning World de Joana Gama e Luís Fernandes, com direção e orquestração de José Alberto Gomes, vídeo de Miguel C. Tavares e a participação especial dos alunos do Conservatório Regional de Ponta Delgada, é o espetáculo que abre o programa Walk&Talk no palco do Teatro Micaelense. Na principal sala de espetáculos da região, destaca-se também a apresentação de Lento e Largo, a nova criação da dupla Jonas & Lander que teve estreia absoluta no Festival GUIdance 2019, em Guimarães, e é co-produzida pela Rede 5 Sentidos. Noutras salas e espaços não convencionais da ilha, serão apresentadas as performances Silent Disco de Alfredo Martins e Marco da Silva Ferreira e Burning Pricks de António Branco & Riccardo T., dois trabalhos que partilham o desejo de anular barreiras entre os seus intérpretes e o público ou até fundir as ações de ambos.

 

Festival Walk&Talk Açores de 5 a 20 de julho em São Miguel

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