“Sol de Março” e beijinhos para todos a fechar a noite no Festival para gente Sentada

Em noite de abertura do Festival Para Gente Sentada, duas propostas nacionais fechavam a noite no Gnration. A folk interventiva do duo Medeiros/Lucas e a pop minimalista de Filipe Sambado eram as propostas oferecidas ao público, que se mostrou bastante tímido no terceiro espaço do Festival.

Medeiros/Lucas abriram o palco da Blackbox. Carlos Medeiros (ou Zeca Medeiros para os amigos) e Pedro Lucas, em noite amena, trouxeram em Novembro o ”Sol de Março”. Estes 2 marinheiros insulares debruçam-se sobre a razão, colocando um personagem feminino, Elena Poena, à procura dos primeiros raios de luz após a escuridão invernal, sob as guitarras ásperas de Pedro Lucas,

Ao contrário de Júlio César, esta Poena não tem nenhum profeta para lhe dizer “cuidado com os idos de Março”, e tem de perceber que o sol que dá luz também queima.

Um sol da meia noite com influências mediterrânicas e africanas que o colectivo tem vindo a galgar nos últimos meses. Os poemas cantados, ou estórias de Carlos (Zeca) Medeiros relatam de forma irrepreensível uma poesia de formas femininas, mas ao mesmo tempo interventivas. Longe das antigas canções de intervenção, como Pedro Lucas referiu, existem essas raízes nos temas apresentados pelos dois em palco.

No final Elena Poena surge… para fechar um ciclo em palco de canções iniciadas em “Mar Aberto”, cimentadas na “Terra de Fogo” e libertas no “Sol de Março”.


A fechar a noite, em plena madrugada, Filipe Sambado, sem os Os Acompanhantes de Luxo apresentou um verdadeiro compêndio de sons organizados na forma de hinos. Costuma-se dizer ‘antes só que mal acompanhado’ (não querendo dizer que Os Acompanhantes de Luxo são má companhia), mas “deixem lá”, Sambado concentrou-se apenas e só na sua música e na sua apresentação. Em 2017 já Luis Severo no mesmo festival esteve sozinho em palco.

Filipe Sambado, que segundo o próprio passou a infância e adolescência de um lado para o outro, chega pela primeira vez a Braga, apresentando desta forma a sua maturação pessoal e artística, acompanhado por uma guitarra errante entre temas que constituem a sua aventura musical iniciada com “1 2 3 4”.
”Só beijinhos” para todos no final da primeira noite do Festival Para Gente Sentada.

 

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Reportagem e fotografias: Paulo Homem de Melo

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