Tempo, memória e resistência, assim se intitula o ciclo de cinema ao ar livre programado pelo Porto/Post/Doc que arranca este mês de Junho na cidade Invicta, em parceria com a Casa Comum. A ter lugar entre os dias 28 e 30 de junho, no Museu de História Natural da UP, a mostra integra títulos que propõem novas visões, críticas e poéticas, sobre temas que marcam a vida social e política do século XX.
Nostalgia da Luz, de Patricio Guzmán Guzman, Honeyland – A Terra do Mel, de Tamara Kotevska e Ljubomir Stefanov e Feliz como Lázaro, de Alice Rohrwacher (na são os três primeiros filmes de um ciclo que se estenderá até novembro e passará também pelo Passos Manuel.
Os 3 filmes que abrem o ciclo levam-nos até um tempo próximo e longínquo das memória do século XX, com Nostalgia da Luz de Patricio Guzman, um documentário que nos leva a uma perspectiva no feminino, das mães dos operários, mineiros e índios presos políticos desaparecidos e torturados, a eterna luta contra o esquecimento das vítimas do regime de Pinochet. Da Macedónia, um documentário nomeado para os Óscares, A Terra do Mel traz o tema do equilíbrio e respeito pela natureza, filmado num tempo suspenso, numa harmonia rara de entendimento com a tradição, num ecossistema ameaçado pela ganância, os realizadores e as duas protagonistas levam-nos onde nem sempre é possível e só o cinema pode levar e mostram-nos os perigos da ganância e do lucro fácil, parábola poética sobre o nosso tempo de grandes contradições.
Feliz como Lázaro de Alice Rohrwacher, premiado no Festival de Cannes em 2018, leva-nos numa viagem temporal de várias décadas, tão próxima do realismo mágico da literatura como do universo cinematográfico Felliniano, as memórias pessoais do protagonista entre a inocência do sua existência e a maldade humana de quem se aproveita dele, o grande cinema italiano revisto num conto encantatório que mistura actores profissionais e não profissionais.
Este ciclo será retomado em Setembro com a restante programação a ser anunciada brevemente. No total serão mostrados 10 filmes de cineastas com perspectivas diferentes mas igualmente empenhados política e socialmente, com pontos de vista livres e que pomos aqui em perspectiva como exemplos da vitalidade do cinema mundial contemporâneo.
Segunda, 28 de Junho
Nostalgia da Luz, de Patricio Guzmán Guzman
Terça, 29 de Junho
Honeyland – A Terra do Mel, de Tamara Kotevska, Ljubomir Stefanov
Quarta, 30 de Junho
Feliz como Lázaro, de Alice Rohrwacher