“Entre Corais e Tubarões” de Sitah Faya é um manifesto ao rap tuga e à mulher na sociedade

Se no disco de estreia “Assim Como Vai”, editado em 2021, spock e Sitah Faya abordaram de forma clara a importância do livre-arbítrio da condição humana, independentemente do género, em “Entre Corais e Tubarões”, que abre terreno ao lançamento do segundo trabalho de originais, os dois ousaram ir mais longe e mergulhar nas profundezas expondo, de um modo mais áspero, essa mesma importância.

São quase 8 minutos de obstáculos, questões externas e conflitos internos que acontecem no corpo de uma mulher.

E é por isso mesmo que “Entre Corais e Tubarões” não é apenas mais uma faixa de rap feito em português, mas antes um manifesto social, cujas intenções vão além das severas (e muitas vezes também maravilhosas) realidades, ansiando ressoar nos ouvidos que se adaptem no sentido das suas urgências.

Sitah Faya, nascida e criada na cidade raiana de Vila Real de Santo António, explica “é facto que precisamos de aumentar o volume no feminino, quer seja no rap quer seja na sociedade. Acreditamos que ao estigmatizar essa importância, num separador que tem sido chamado de ‘rap feminino’, o apontamento ridiculariza a ideia de igualdade, que tanto procuramos, reforçando o desacerto e enaltecendo a relevância do género, muito antes da consideração da música”. Assim, metaforizando, o rap é como um vasto oceano onde a suficiência da água pertence legitimamente a todos os seres que dela necessitam para respirar e, assim, viver. Entre corais e tubarões, existem outras e variadas espécies e é precisamente aí que Sitah Faya e spock procuram estabelecer o seu espaço assumindo os papéis necessários neste “ecossistema” que é suposto evoluir.

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