Bulimundo, Haley Heynderickx e Jacco Gardner entre outros nomes para Tremor 2019

Há mais treze nomes confirmados para o Tremor 2019. O festival açoriano, que regressa a São Miguel em Abril, vai contar com as actuações dos históricos Bulimundo, a estreia nacional de Haley Heynderickx e o novo disco de Jacco Gardner. Alinhados estão ainda os concertos de CZN e Trans Van Santos.

A experiência musical no Atlântico contará ainda com momentos únicos que juntarão músicos açorianos a projectos e bandas de outras paragens. Ao longo da semana do evento, oito artistas vão trabalhar em conjunto para criarem, de raiz, quatro colaborações inéditas. Encontro marcado entre Balada Brassado e dB (Conjunto Corona, David Bruno); Cristóvão Ferreira e a dupla espanhola Tupperwear; Pedro Lucas e os We Sea; o rapper LBC e o realizador Diogo Lima.

Fundado em 1978, o conjunto Bulimundo é, talvez, a mais significativa banda de funaná da actualidade. Entre as diversas coisas que entregaram à história da música de Cabo Verde, defendamos aqui o papel incontestável que tiveram na democratização do género. Foram eles que o trouxeram para o centro da cidade, tirando-o do lugar subalterno a que o conservadorismo das autoridades coloniais o haviam entregue. Em 1980, levam-no ainda mais longe, abrindo caminho para a diáspora do funaná com discos como “Djan Branku Dja” e “Bulimundo”, que imortalizam a versão electrificada desse jogo constante entre o acordeão diatónico e o ferro-gaita. Estiveram parados cerca de dez anos, mas felizmente estão de regresso aos concertos e (diz-se) andam a preparar novidades para edição breve. Portanto, uma instituição, esta que se estreia nos Açores.

Cantor e multi-instrumentista, Jacco Gardner conquistou, em apenas dois discos, posição no mundo do psicadelismo contemporâneo. Cabinet of Curiosities e Hypnophobia mostraram-nos esse universo de estranheza futurista, onde o pop se enchia de detalhes barrocos, contos de fadas e amores vintage. Terá sido por aí que a Pitchfork o apelidou de “studio wizarde que Portugal e o mundo se apaixonaram pelo que fazia. Veio cá muitas vezes, até ficar de vez, em Lisboa, onde descobriu uma nova vida, imersa no cinema, literatura e filosofia. E é nesse universo que nasce Somnium, o seu primeiro disco sem voz, que volta a espelhar a forma de como apropria e transcende as suas experiências de viajante.

É engraçado pensar que este concerto podia estar para não acontecer. Isto porque o processo de gravação de “I Need to Start a Garden”, o disco de estreia de Haley Heynderickx, foi tudo menos calmo. Entre problemas de estúdios, questões técnicas e contratempos financeiros, foi necessária uma certa tenacidade para trazê-lo à luz do dia. Daí que o seu nome não seja, de todo, um acaso e sirva para procurar um pouco de calma por entre as ondas de incerteza e convulsão, as mesmas que marcam o tom confessional da sua música. No jardim de Haley há caminhos por entre a solidão, há a confissão de quem tem uma certeza inabalável sobre as suas próprias dúvidas, há folk dos anos 60 e 70 e jazz e tudo mais que o torna num local obrigatório de visitar. Um dos discos do ano para algumas das mais relevantes publicações mundiais, este que se estreia, em data única, nos Açores.

O segundo anúncio de nomes para a edição 2019 do Tremor encerra com CZN, projecto colaborativo entre João Pais Filipe (Paisiel, HHY & The Macumbas) e Valentina Magaletti (Tomaga, The Oscillation), e a western-exotica do luso-americano Trans Van Santos.
O Tremor regressa à ilha de São Miguel entre 9 e 13 de Abril.

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