Para muitos, Bowie é a inspiração, para outros, Bowie foi a figura de proa de época de ouro do Glam, sim da corrente de rock que levou ao batismo desta nossa / vossa publicação.
Bowie, ou melhor Sean Bowie escolheu o concerto do Primavera Sound Porto para fechar a digressão como Yves Tumor.
Seguindo uma linhagem glam, mas com um elevado patamar de espiritualidade, a fúria e o seu estado de conflituosidade em palco, colocam o set de Yves Tumor literalmente desconexo, sobretudo quando Bowie é conhecido pelo trabalho meticuloso que realiza em estudio. A espiritualidade está lá em temas como “God Is a Circle” logo a abrir o concerto, ou em “Gospel for a New Century” ou “Heaven Surrounds Us Like a Hood”, mas o rock, o problemático, o agressivo puro e duro, transpira em cada nota que Chris Greatti dedilha na guitarra.
A cada minuto que passa, Bowie acende o rastilho, incendeia o público, desce do palco e termina com os fãs literalmente a arder ao som de “Kerosene!” do álbum “Heaven to a Tortured Mind” de 2020.
Pelo meio encarnou Prince ou até o outro Bowie, mas no final do concerto e quando Yves regressar à sua Itália adoptiva, há um disco que merece ser ouvido e sentido, “Praise a Lord Who Chews but Which Does Not Consume; (Or Simply, Hot Between Worlds)”
📸 Paulo Homem de Melo
🖋 Sandra Pinho