Julia Holter sedimentou-se como compositora essencial dos nossos tempos, aprofundando a pop, tornando-a num registo artístico profícuo de tacto barroco.
Esse registo de Holter foge do espaço onde apresentou as canções da sua já extensa discografia, preenchida por inúmeros espaços, todos eles ocupados de tudo e até de silêncios que podem parecer vazios, embora sejam esculpidos para se preencherem de respirações que ficam em suspenso.
Foi esse silencio sonoro que deveria ter levado as canções de Holter para outro patamar mas a distância foi longa e o espaço sideral perdido entre linhas sonoras que chegavam de outros cantos do festival.
Se “Aviary” foi um marco na carreira da artista de Los Angeles, as canções de “Behind the Wallpaper”, disco ainda muito fresco, merecem ser ouvidas no silêncio de uma sala escura.
📸 Paulo Homem de Melo
🖋 Sandra Pinho
