A Festa do Jazz está de regresso a Lisboa

A edição deste ano da Festa do Jazz já tem o programa fechado e oferece, mais uma vez, argumentos de peso para o público voltar a encher as salas. A Festa do Jazz é o maior festival português de jazz feito por portugueses, que se realiza há 21 anos sem interrupções, reunindo diferentes públicos, críticos, promotores, músicos profissionais e estudantes de jazz de todo o país.

A Festa do Jazz é desde sempre o espaço aglutinador que promove um encontro nacional anual, para criar redes, formais e informais, e que promove a criação, a improvisação, a pedagogia, a troca de saberes dos envolvidos, incluindo os jovens das escolas. A Festa do Jazz é o observatório do jazz português e um momento único de revelação de novos talentos e de novas propostas de músicos consagrados.

A não perder – mesmo – é o concerto inaugural que Erik Truffaz e o seu trompete & companhia trazem ao grande auditório do CCB.

 

Além de um cartaz de altíssimo nível, a Festa deste ano conta com uma originalidade: apresenta uma peça de teatro. Trata-se de um espectáculo único de teatro e música sobre a história do Jazz. A partir de uma ideia de Carlos Martins (Sons da Lusofonia) e com texto original de João Nunes (Produções Fictícias), recuperam-se temas icónicos como Limehouse, Prelude to a kiss, Shaw Nuff (Charlie Parker), So what (Miles Davis), Impressions (Coltrane) ou Lonely Woman e viaja entre personalidades e termos tão vastos como o “cool jazz”, “west coast”, “hard bop”, “o third stream”, “soul jazz” ou “free jazz” (detalhes abaixo).

 

Este ano, a festa acontece sobretudo no CCB e no Antigo Picadeiro do Museu dos Coches, mas faz incursões noutros espaços da cidade, incluindo a estreia do novíssimo espaço Ccba – Casa Do Comum Do Bairro Alto – Centro CulturaL (o espaço ainda sonhado pelo livreiro Zé Pinho).

 

1 de Dezembro 

21h00 – Erik Truffaz Quarteto – Grande Auditório CCB

Vestido com um fato escuro, chapéu apertado na cabeça, Erik Truffaz, pega no seu trompete e prepara-se para fazer poesia sonora. Mas de que género? Para ele, a música não tem género, não tem fronteiras e muito menos idade. O seu instrumento é como uma chave mestra que lhe permite passar por qualquer porta que se abra para o mundo do som. Os territórios inexplorados são uma oportunidade para ele vestir o seu fato de explorador e deixar fluir as suas emoções atrevidas num exercício estimulante. Polimorfo exímio, Truffaz toca em tudo: jazz, claro, mas também rock, clássico, rap e até drum’n’bass. Hoje, com a ajuda do seu fiel companheiro, o baixista Marcello Giuliani, e de outros músicos, aborda as bandas sonoras de filmes que marcaram a sua infância. Juntos, revisitam o melhor dos compositores da época de ouro do cinema, apropriando-se dos temas de Michel Magne, Nino Rota, Philippe Sarde e Ennio Morricone, para redefinir os seus contornos e contar-nos outras histórias igualmente maravilhosas.

2 de Dezembro

16h30 –Clara Lacerda – Pequeno Auditório CCB

Clara Lacerda, pianista e compositora, apresenta o seu novo quinteto, fruto de uma residência a convite da  Porta-jazz. Nas palavras da própria: “Escrevi peças e canções, cada uma delas uma personagem na história que vos vamos contar ao longo do concerto e talvez alguma delas vos possa acompanhar (enquanto vos servir)”

 

17h30 – João Paulo Esteves da Silva Trio – Pequeno Auditório

João Paulo Esteves da Silva, Mário Franco e Samuel Rohrer combinam todas aquelas qualidades que costumam garantir o êxito deste formato de jazz mais clássico, com um pé na música de câmara: um entendimento intuitivo, a fluidez e transparência da comunicação entre os músicos, as suas acções e reacções, sequências solísticas que prolongam a fluidez do som e a cultura e nobreza musical. O trio não se define pela alegria ou melancolia melódica ou pela busca pura de harmonia. A sua procura desenvolve-se na abertura à improvisação, dispensando intenções banais para as suas peças e composições. Transforma aquilo que encontra em imagens sonoras concisas, que mantém o rigor e a concentração, não se rebelando sob os dedos dos músicos. Aqui, a profundidade emotiva assume maior importância que o virtuosismo. Para o Trio, emoção não tem a ver com volume.

 

21h00 –JAZZOPA – Pequeno Auditório CCB

JAZZOPA, que reúne spoken-word, hip hop e jazz numa linguagem desafiadora e socialmente consciente. Através de residência artística e workshops de criação, o JAZZOPA pretende que artistas de diferentes proveniências possam desenvolver competências na interpretação de temas menos usuais no repertórios de cada área usando  a improvisação como catalisador para trabalhar a escrita e noções de flow criativo que se enquadrem no contexto de música ao vivo. Esta residência artística com direção de André Fernandes, conta ainda com Carlos Martins e Valete como mentores.

 

22h30 – Concerto da residência artística com Hans Koller – Pequeno Auditório CCB

A Porta-Jazz do Porto e a Robalo de Lisboa são duas associações de músicos que têm colaborado com alguma regularidade, organizando anualmente um sexteto com músicos de ambas as associações. Este ano resolveram alargar o âmbito desta colaboração e convidaram o compositor e músico Hans Koller para escrever um conjunto de temas para um conjunto alargado de músicos. O resultado é este Decateto Porta-Jazz / Robalo que se apresenta este ano na Festa do Jazz que este ano se tornou parceira deste projecto.

 

3 de Dezembro

16h30 – Lokomotiv (25 anos) – Pequeno Auditório

Os Lokomotiv têm-se destacado pela sua enorme flexibilidade estética, interessados apenas em praticar um jazz que tenha tudo a ver com o nosso tempo. Barretto, Delgado e Salgueiro há muito que vêm revelando um grande leque de interesses musicais que cobrem tendências como o rock, o jazz, as músicas do mundo e a clássica, situando-se entre os expoentes portugueses de um ecletismo que é bem a marca deste início de século.

A fim de celebrar os 25 anos de actividade lançaram convite ao saxofonista Ricardo Toscano para fazer parte da banda e gravam o álbum “25” em quarteto com temas originais.

 

17h30 –Eduardo Cardinho Sexteto – Pequeno Auditório

Eduardo Cardinho, vibrafonista e compositor residente no Porto apresenta o seu mais recente projecto “Not Far From Paradise”, do qual resultou a criação de um disco que será lançado em 2024 pela prestigiada editora de Barcelona, Fresh Sound.

Destacando-se como um dos vibrafonistas mais criativos de sua geração, conhecido pela sua abordagem rítmica e sonoridade única, Cardinho desenvolveu ao longo dos anos a sua própria voz no vibrafone e convidou alguns dos melhores músicos da nova geração do jazz português para fazer parte deste projeto.

A incessante procura por novas sonoridades culminou com uma nova abordagem na composição de novos temas, onde o vibrafone de Eduardo Cardinho e os sintetizadores de José Diogo Martins se complementam com uma panóplia de possibilidades sonoras , acrescentando ainda o saxofone alto com efeitos de João Mortágua e a secção rítmica composta do por Diogo Alexandre na bateria, Frederico Heliodoro no baixo elétrico e Iuri Oliveira nas percussões.

 

21h00 – NOUT – Pequeno Auditório

O elo perdido entre Nirvana e Sun Ra, a colaboração entre Delphine Joussein, Rafaëlle Rinaudo e Blanche Lafuente tem como objetivo levar os seus instrumentos para além dos seus limites, com o entusiasmo de um cientista louco em frente aos seus frascos. Flauta, harpa, bateria: uma combinação rara que este trio vira de pernas para o ar. No seguimento das experiências de John Zorn nas fronteiras do jazz e do noise, Nout imaginam a sua música como um cenário com reviravoltas surpreendentes: acreditamos ser o Ellen Ripley no Alien mas damos por nós no Indiana Jones; começamos de olhos fechados na poltrona vermelha de um cinema e acabamos a balançar num moshpit.

 

22h30 –Orquestra de Jazz de Matosinhos – Pequeno Auditório

A Orquestra Jazz de Matosinhos em 2014 pôs em marcha um ciclo dedicado a alguns dos melhores novos solistas do jazz português (que desde 2019 se tem alargado a toda a Península Ibérica). Um corpo de instrumentistas com sólida formação e actividade consistente, músicos que quiseram trazer algo de seu para o jazz, que se entregaram à fusão de estilos e fizeram florescer identidades artísticas pessoais. Os novos selos discográficos mostram-se incrivelmente dinâmicos, permitindo que o grande público tome facilmente contacto com a obra de uma nova geração de músicos. Porque não, então, trazer para o raro contexto de uma big band alguns dos mais dignos representantes desta geração?

É Bernardo Tinoco, saxofonista de Lisboa, que assume desta vez a estante solista no concerto com a Orquestra Jazz de Matosinhos, dirigido por João Pedro Brandão.

 

Programação Paralela: Fora Do CCB

 

1 e 2 de Dezembro

– Quem roubou o…  Jazz! – Antigo Picadeiro da Museu dos Coches

(Dias 2 e 3 às 11h00 e às 19h00)

É um espectáculo único de teatro e música sobre a história do Jazz. Numa ideia de Carlos Martins (Sons da Lusofonia) com texto original de João Nunes (Produções Fictícias), recuperam-se temas como Limehouse, Prelude to a kiss, Shaw Nuff (Charlie Parker), So what (Miles Davis), Impressions (Coltrane) ou Lonely Woman e viaja entre personalidades e termos tão vastos como o “cool jazz”, “west coast”, “hard bop”, “o third stream”, “soul jazz” ou “free jazz”.

A forma mais divertida de entrar no universo do jazz.

Alguém roubou o Jazz! Entre indícios, provas, testemunhas e suspeitos, a tarefa é suficientemente complicada para ser alvo de investigação. Com humor, irreverência e sobretudo muita música, “era uma vez…jazz” é uma introdução ao jazz e uma viagem pela sua história conduzida por um Detective e o seu Assistente. Esta pequena história contada por um actor e uma pequena banda, sob a forma de uma investigação policial é, para os mais novos, uma excelente introdução à magia do Jazz: temas curtos, com ritmos contagiantes e solistas virtuosos; para os apreciadores é uma delícia escutar os grandes temas do jazz.

 

2 e 3 de Dezembro

Jam-session: CCBA – CASA DO COMUM DO BAIRRO ALTO – CENTRO CULTURAL (dias 2 e 3 a partir das 22h30)

Uma das belezas da Festa do Jazz é o encontro entre a comunidade portuguesa do jazz. Não há mais alegre forma de celebrar este encontro entre estudantes e os seus ídolos do que através da espontaneidade de uma Jam

– Apresentação Seminário We Insist! – (Seminário Inclusão Social através da música improvisada) (Entre os concertos no CCB)

O último encontro realizado com a equipa da Europe Jazz Network (EJN) para membros de redes internacionais, resultou a escolha de Lisboa para o último Seminário Internacional de Inclusão Social a realizar em Março de 2024, pela ASL e a EJN, que visa a debater estratégias de inclusão social através da música e das práticas artísticas. Nesta edição da Festa do Jazz apresentamos o primeiro esboço de programação

– Apresentação de Projecto “Jazz Panorama” (Entre os concertos no CCB)

Jazz Panorama será um guia nacional, a ser publicado online em português e inglês, com informações dirigidas a agentes nacionais e internacionais sobre o jazz português nas suas várias vertentes: festivais, clubes, grupos, instituições, etc. Serão feitas também 30 biografias de 30 músicos de jazz portugueses vivos com impacto na cena jazz nacional e com potencial de internacionalização.

– Master Class com John O’Gallagher (Dia 3 às 11h30 no novo Auditório do Museu dos Coches)

John O’Gallagher é um distinto saxofonista e desenvolveu uma inovadora tese de mestrado sobre a música de John Coltrane, principalmente da sua última fase, e vai partilhar os seus vastos conhecimentos e musicalidade com os alunos das escolas de jazz de todo o país, os músicos profissionais e o público em geral.

– Encontro Nacional de Escolas de Jazz (Dias 2 e 3 das 14:30 às 18h30 – No antigo picadeiro da Museu dos Coches

No final das atuações do Encontro Nacional de Escolas, a cerimónia de entrega de Menções Honrosas foi criada com fim a destacar os jovens músicos e escolas nas categorias para Melhor Combo e Melhor Instrumentista, através do olhar atento da Direção Artística da ASL em conjunto com um painel de júris convidados, compostos por músicos e intervenientes proeminentes no panorama do jazz nacional.

– Prémios RTP/Festa do Jazz

Os Prémios RTP/Festa do Jazz foram criados para celebrar a parceria entre as Instituições, que com olhares atentos sobre a comunidade do jazz português procuram o enaltecimento da criação artística, de forma a estimular a sua prática e dar notoriedade a pessoas e/ou organizações que, com talento e generosidade, fazem o melhor do jazz e da música improvisada em Portugal.

– Realização da Assembleia Geral da Rede Portuguesa de Jazz – Portugal Jazz (Dia 3 às 11h00 no novo Auditório do Museu dos Coches)

É essencial que a Portugal Jazz ganhe protagonismo na cerna jazzística nacional e internacional e a Festa do Jazz, onde nasceu esta Rede, quer continuar a dar o seu contributo para trazer mais entidades para a Portugal Jazz de forma a tronarmo-nos menos periféricos dentro e fora de portas

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