Vai ser assim o primeiro dia do NOS Primavera Sound 2018…

Durante os 17 anos de existência em Barcelona, o festival Primavera Sound conseguiu impor-se como um dos melhores festivais da Europa. Essa reputação, tanto junto do público como dos profissionais, foi construída essencialmente pela qualidade dos sucessivos cartazes – uma eclética mas inteligente selecção de pop, rock e música de dança.

Em 2012, o Primavera Sound deu um grande salto no seu crescimento com a realização do Optimus Primavera Sound, NOS Primavera Sound desde 2014. A edição portuguesa do Primavera Sound representou a passagem para outro patamar de reconhecimento com o NOS Primavera Sound a ser actualmente referenciado como uma paragem obrigatória no panorama dos melhores festivais europeus. A cidade do Porto recebe assim, pelo sétimo ano consecutivo, a edição lusa. De 7 e 9 de Junho de 2018, o NOS Primavera Sound regressa ao Parque da Cidade: um dos principais atractivos do evento que voltará a assumir protagonismo nas preocupações estéticas e ambientais que caracterizam este festival.

A programação para o primeiro dia reparte-se por 5 espaços e conta com a presença de 17 propostas musicais

Fogo Fogo é uma homenagem aos ritmos cabo-verdianos com os olhos postos na vastidão de quem fala português e, claro está, de quem dança ou se deixa atrair por movimento. Cinco músicos contribuem agora para fazer dela algo mais do que um espaço de partilha. João Gomes convidou o Francisco Rebelo, Márcio Silva e David Pessoa que, em conjunto com o Danilo Lopes dão voz aos temas interpretados. Todos eles vão escolhendo novas malhas para se tecer a noite de Fogo Fogo, e assim sendo, todas têm um lume diferente, mas nunca brando.
Palco SEAT / 17.30h

Os Foreign Poetry são Moritz Kerschbaumer (austríaco a viver em Londres há mais de uma década) e Danny Geffin (londrino a viver em Brighton). Ambos são compositores e multi-instrumentistas e conheceram-se quando partilharam o palco do Ritzy, em Brixton. O projecto nasceu a partir de uma primeira colaboração entre os dois músicos: um EP que nunca chegaria a ser editado. O disco de estreia dos Foreign Poetry contém meditações sobre práticas espirituais fora de moda, tensões de fervor político divisional, reflexões sobre o endoutrinamento da juventude ao deixar a adolescência, os efeitos da experiência tecnológica na condição humana e o medo de voar. No que diz respeito aos temas centrais do que significa estar vivo, o conteúdo do álbum é tão abstracto quanto específico

Palco Super Bock / 17.30h

Chamem-lhe grunge, emo ou simplesmente indie rock. Tratem-no como quiserem, mas tratem-no como algo que nunca irá desaparecer: existirão para sempre artistas que penduram a guitarra eléctrica ao pescoço e dão tudo o que têm dentro deles. Se continuarem a fazer discos de coração aberto como Out in the Storm, o quarto na carreira já muito consolidada de Katie Crutchfield, irão haver pessoas que o vão viver como se o tivessem escrito. Chegou o momento de levantarmos as nossas mãos em união, porque este álbum de Crutchfield aumenta a fasquia levando-o à categoria de hino a história das desilusões, o vazio existencial e a procura pessoal. A tempestade Waxahatchee está a chegar
Palco NOS / 18.20h

O facto dos The Cure escolherem (e não é a primeira vez) como banda de suporte para o seu concerto especial de 40.º aniversário em Londres não é apenas uma honra mas também significa que alcançaram um nível proficiente na escuridão e na evocação musical. Se não fosse pela tristeza melancólica inerente ao nome poderia pensar-se que The Twilight Sad estão em êxtase. Venerados na Escócia, a sua terra natal, como campeões do pós-punk com nuances melódicas, às vezes em direção à implantação pós-rock e à névoa shoegaze, a descida às profundezas liderada por James Graham e Andy MacFarlane é uma que realmente deixa marca. Uma marca tão grande que não foi apenas Robert Smith a declarar que o futuro das viagens sónicas está seguro nas mãos da banda já que fazem disso quase uma verdade universal

Palco SEAT / 19.15h

Se Starcrawler fossem apenas um espectáculo, seriam um dos concertos que mais dariam que falar num festival. Se fossem apenas uma reencarnação do rock dos anos setenta num glamoroso fato com explosivos punk, seriam a revelação do ano. Esta banda é, na verdade, ambas as coisas em simultâneo. Impulsionados pela sinistra e magnética Arrow de Wilde e pela contribuição de Ryan Adams (com quem gravaram o seu álbum de estreia), Starcrawler é poder e caos, forma e conteúdo, sexo e amor. Se Elton John, um dos primeiros a ouvir o seu disco, os visse agora em palco, os seus exclusivos e coloridos óculos iriam explodir
Palco Super Bock / 19.15h

A estratégia é ambígua: sugestionar em vez de revelar. Desde o início que a banda natural de Los Angeles provoca confusão e surgiram especulações sobre quem era dono da voz andrógina nas insinuações de boudoir do mais recente single Taste. Como é que ainda estamos à espera deles com uma porta entreaberta com pouca iluminação, quando as nossas noites continuam a sentir falta do som do sedutor R&B de “Woman” de 2013? O que tem Rhye nas suas mãos (e nos lençóis) é o cheiro de uma elegante paixão e do seu final feliz.

Palco NOS / 20.05h

Em nossa defesa, John Tillman, os nossos pecados são culpa tua. Fomos gananciosos quando nos agarrámos a “Pure Comedy” (2017), pois apenas dois álbuns de Father John MIsty não eram suficientes. Ficámos ciumentos quando dedicaste o disco anterior I Love You, Honeybear (2015) à tua esposa. Orgulho foi o nosso pecado quando olhámos ao espelho e fantasiamos sobre balançarmos em palco tal como tu. Preguiça quando cantámos Bored in the USA e, ao mesmo tempo, fúria quando não conseguíamos decidir se queríamos que fosses o baterista dos Fleet Foxes ou um performer tão magnífico que o palco parece demasiado pequeno para ti. Gula, quando te queríamos ver de novo. E a luxúria… espera lá, desde quando é a luxúria um pecado?

Palco SEAT / 20.25h

Como ele cresceu! Quando Ezra Furman surgiu ainda não era claro se estávamos a olhar para um animado frontman de banda de indie rock (para contexto: estilo Herman Dune ou das bandas pro-pop anti-folk) ou um temperamental cantor e compositor com alterações de pitch quando chega ao refrão (estilo Jonathan Richman, Gornon Gano e Darren Hayman, também para enquadramento). O tempo colocou-nos a todos no nosso lugar e ambos sabemos que Ezra é um dos mais empáticos, astutos e adoráveis performers da alternativa pop. A sua música tem o charme emotivo de um amigurumi e as suas letras mostram como sua voz é única. Graças a esta longa experiência, cada vez que estivermos num concerto ele vai parecer um gigante de (supostamente) pequenas músicas.

Palco Super Bock / 20.55h

Frases e imagens de “Melodrama”, o disco pop de 2017, que confirmam que é um conto de gerações que será referenciado por muitos anos. 1) Fogo de artifício: “Every night, I live and die / Feel the party to my bones”; 2) A verdade atrás do espelho: “These are the games of the weekend / We pretend that we just don’t care / But we care”; 3) Distância emocional numa relação: “I do my makeup in somebody else’s car / We order different drinks at the same bars”; 4) Desilusão e despedida: “Now I’ll fake it every single day ‘til I don’t need fantasy, ‘til I feel you leave”; 5) A verdade crua: “All the glamour and the trauma and the fuckin’ / Melodrama”. Lorde é a estrela pop que o novo século precisa: transparente, familiar, excessiva e humana. Aqui não há interpretações e é isso que “Melodrama” é: um álbum sobre o quão incrivelmente difícil é lidar com a fama e a desilusão amorosa aos 20 anos, quando tudo ainda é novo e não há espaço para cinismo. Lorde faz os seus companheiros de geração sentirem-se seguros, confortados e abraçados; e faz aqueles que não são da sua geração abrirem os olhos face à honestidade, integridade e convicção. Por tudo isto, e especialmente por aquilo que irá fazer no futuro, Lorde não é só importante: é essencial.

Palco NOS / 22.00h

Se já saiste à noite em Lisboa a probabilidade de alguma vez teres acabado no Lux é grande ou não fosse esse espaço toda uma instituição da noite portuguesa. Tiago é há mais de uma década residente, com sessões que se alimentam principalmente de house, disco e acid, função que combina com uma agenda internacional crescente e a direcção da editora Interzona 13. Uma DJ todo o terreno que chegou aos pratos depois de tocar em bandas portuguesas bem conhecidas como Gala Drop, Loosers ou Pop Dell’Arte

Palco Primavera Bits / 23.00h

A relva ainda não voltou a crescer no palco onde Odd Future tocou. Entre o selvagem gang há uma voz que se destaca de tudo o resto: Tyler, The Creator, foi o mais ameaçador, mais magnético e o mais promissor do colectivo OFWGKTA. Sete anos depois, este artista promissor, contagiante e perigoso é a realidade. Tyler Gregory Okonma ladra e morde como nunca outro MC e só estamos só a compará-lo a outros do gang de Odd Future. No tempo em que a hiper-conexão acaba por nos coordenar na não-comunicação, fúria, angústia, indignação, a verdade será Tyler, The Creator ou não será.

Palco SEAT / 23.20h

Moullinex é o alter ego do produtor, dj e multi-instrumentista português Luís Clara Gomes. Com inúmeros sucessos underground como “Take My Pain Away” e “Maniac”, remixes de actuações de Røyksopp, Cut Copy e Two Door Cinema Club, tornou-se um artista impulsionador da música disco. Ao lado de Xinobi, em 2012, fundou a editora Discotexas. Depois de 2 álbuns aclamados pela indústria musical (“Flora” em 2012 e “Elsewhere” em 2015), Moullinex apresenta “Hypersex” (2017). O terceiro projecto de estúdio representa uma celebração colectiva da cultura da música sobre o amor: não importa de onde és, quem és ou quem escolheste amar.

Palco Super Bock / 23.20h

Objectivo principal para 2018: organizar uma festa tão fixe que o que vamos ouvir é a música de influência house de Mall Grab. Produções mais eficazes que a maquilhagem usada para ajudar os convidados a parecem e a sentirem-se melhor. A Pool Party Music que o produtor australiano organiza em Londres sugere roupa leve, toque etéreo e sapatos vistosos, mas confortáveis, com uma boa sola para dançar. Neste movimento e com a atitude divertida que as misturas provocam, é impossível que a fotografia (ou a celebração) corra mal.

Palco Primavera Bits / 00.00h

Passam dias, semanas, meses, anos e “In Colour” (Young Turks, 2015) torna-se cada vez maior. O que nasceu como o álbum de estreia de uma promissora e solitária carreira de Jamie Smith, máquina dos The XX, acabou por se tornar num disco que reúne a tradição da música de dança dos últimos 20 anos: do garage do Reino Unido ao ao trance, passando pelo dancehall e pelo pop. E com ele nasce um Jamie XX por inteiro: seja como produtor, como DJ – onde transpira amor pela música disco – ou como membro dos The XX, onde no último álbum teve um papel crucial. Passam dias, semanas, meses e anos e Jamie XX torna-se cada vez mais insubstituível.

Palco NOS / 00.25h

Quando o Gerd Janson se vira para o house, com inspiração na velha guarda, imaginamos o DJ com o um simples fato e de monóculo. Um festim de elegância. Quando decide desviar-se para o techno, a nossa imagem de um dos responsáveis da editora Running Back muda: agora seria de calção e chinelos. Hedonismo ilimitado. A flexibilidade do DJ em saltar de um registo para outro, sem perder a identidade, é lendária há anos. Jason aprendeu mais nas horas passadas na cabine do que em qualquer outra experiência. Independentemente de onde actua acerta sempre. Eficácia alemã? Claro, mas também eclectismo e voluptuosidade alemã

Palco Primavera Bits / 01.30h

Qualquer aspirante a gourmet da música pop sabe que falar de Motor City é falar de Detroit (o principal responsável da indústria automóvel norte-americana, mas também de Motown, de p-funk, de techno-house…). Daniel Plessow, que não é propriamente um aspirante, guarda na memória essas músicas que ouvia todas manhãs quando era criança, e foi quando percebeu que a cidade onde ele morava, Estugarda, poderia ser considerada Detroit da Alemanha (é a sede da Mercedes e da Porsche) que o nome do seu projecto surgiu naturalmente: Motor City Drum Ensemble. A partir dai, a sua carreira passou de 0 a 100 em cinco míticos lançamentos, “Raw Cuts” de 2008. Desde então a sua habilidade, agilidade e energia para a música house tornaram-se uma lenda. Plessow vai a toda a velocidade.

Palco Primavera Bits / 03.00h

 

 

 

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