Uma noite com Fado Bicha no Coliseu Porto

Ontem, dia 14 de junho, pelas 21:00, no âmbito das comemorações dos 40 anos do Balleteatro, os Fado Bicha deram, finalmente, um concerto no Coliseu do Porto. Para quem não conhece, os Fado Bicha são um duo, formado por Lila Fadista e João Caçador.

Este duo canta, não o fado tradicional, a que estamos habituados, mas um fado alternativo. Não me vou alongar mais em descrições sobre este duo, uma vez que vou escrever sobre o que vi e ouvi.

Já não me lembrava de ser tão surpreendida como fui ontem. A tradição versus o contemporâneo.

Lila Fadista possui uma voz fantástica, a nova roupa com que veste o fado é, verdadeiramente, notável. Lila, para além de uma exímia fadista, é uma excelente narradora, a storyteller sobre os mais variados temas do passado e da atualidade. Ela fala tanto sobre cada tema, antes de o interpretar, que tiveram que encurtar o concerto.

No meu caso, fiquei como que hipnotizada, tanto pelas suas narrativas, como pela interpretação dos seus fados.

Todos os temas são merecedores de destaque, pela informação, pelos arranjos musicais, mas talvez pela história que está por trás, a de Valentim de Barros, destaco o tema, “Requiem Para Valentim” e pela crítica que fez a Assunção Cristas, por uma entrevista que deu ao jornal Expresso, a respeito das touradas, o tema, “Estourada”.

O concerto terminou com o tema, “Marcha Do Orgulho”, para chamar a atenção, e incentivar a participação na “Marchas do Orgulho LGBTI+” que irá decorrer no Porto, a 8 de julho.

O facto de todo o concerto ter sido acompanhado por língua gestual portuguesa é de louvar, pois mostra a preocupação com a inclusão. Destaco a diferença, a inovação, a voz, a música, o fado sem a guitarra portuguesa.

Realço a efusividade do público, jovem e menos jovem. Não posso terminar sem dizer, que ontem à noite, o Coliseu do Porto, foi palco de um grande espetáculo, e que me senti privilegiada por poder assistir.

Um pequeno grande pormenor, o concerto era grátis! Houvessem mais assim.

 

🖋 Ana Cristina

📸 Pedro Figueiredo

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