The Raincoats, Boogarins e Dear Telephone no gnration…

De abril a junho, a somar aos já anunciados nomes de Julie Byrne, Peter Broderick ou Kelly Lee Owens, a programação cultural do creative hub contará ainda com o pós-punk lendário das The Raincoats, o rock psicadélico dos brasileiros Boogarins (na foto) e as canções pop dos portugueses Dear Telephone.

Falarmos das The Raincoats é falarmos da história do punk e do pós-punk. Quando na década de 70 a portuguesa Ana da Silva conheceu Gina Birch, ambas a estudar Arte em Londres, estavam longe de imaginar que integrariam a história da música e ainda seriam influência maior para importantes figuras da música como Kurt Cobain ou Kim Gordon. Os concertos das The Slits, dos Sex Pistols ou da “madrinha do punk” Patti Smith, em plena explosão do furacão punk, foram preponderantes para o aparecimento do grupo. Entre 1979 e 1983, a banda apelidada de “madrinhas do grunge” editara três álbuns fundamentais em qualquer discografia punk e pós-punk, todos com selo da então pequena editora Rough Trade. Dois anos depois do último disco, a banda separara-se e só se voltaria a encontrar-se novamente quase dez anos mais tarde, muito por culpa de um renovado interesse nos seus discos. Nessa mesma altura, uma reedição da discografia contava com linhas de introdução por Kurt Cobain e Kim Gordon, confessos fãs da banda. Nos últimos anos, as The Raincoats juntaram-se em raras ocasiões e de cariz muito especial, como no 40º aniversário da Rough Trade, em que subiram ao palco com Angel Olsen, ou ainda nas emblemáticas noites All Tomorrow Parties (ATP). A 29 de junho, as The Raincoats apresentam em Braga um concerto que se prevê como um acontecimento memorável, integrado numa digressão de três espetáculos que vão passar também por Lisboa e Coimbra. Na mesma noite, os portugueses Dear Telephone, autores de “Cut”, um respeitado disco de belas canções editado em 2017, estão encarregues de abrir para a lendária banda. Formados em 2010, a banda que reúne Graciela Coelho (White Haus), André Simão (la la la ressonance), Ricardo Cibrão (la la la ressonance) e Pedro Oliveira (peixe:avião), inspirou-se no nome da curta-metragem de Peter Greenaway, “Dear Phone” (1976). Ao segundo longa-duração, terceiro trabalho discográfico contando com o EP “Birth of a Robot” (2011), os Dear Telephone conquistaram um lugar próprio na pop feita em Portugal e levam as canções maduras e inteligentes ao palco da Blackbox.

Também no programa para o próximo trimestre, os brasileiros Boogarins apresentam-se em concerto a 6 de abril. Fernando “Dinho” Almeida e Benke Ferraz conheceram-se na cidade de Goiânia e começaram a fazer música juntos ainda adolescentes. A partir do jardim da casa dos pais, atiravam-se à pop psicadélica, mostrando a rica história musical do Brasil através de um olhar moderno. Na altura, o disco de estreia, “As Plantas Que Curam” (2013), resultante de uma gravação caseira, era distribuído mundialmente e o grupo começava a ganhar nome em Goiânia. Pouco depois, os concertos tornaram-se regulares em São Paulo e um pouco por todo o país. Um ano após o lançamento do disco de estreia, e com excelentes críticas na imprensa internacional, os Boogarins começaram a percorrer o mundo, com concertos em Austin, Londres, Madrid, Nova Iorque ou São Francisco, figurando ao lado de nomes sólidos da atualidade da música contemporânea.

Manual” (2015), o segundo álbum, foi nomeado para um Grammy Latino na categoria de “melhor álbum rock” e distinguido com um prémio de distinção pela revista Mojo. Com digressões e gravações constantes, em que destacam as presenças em festivais de renome como o Rock In Rio (Lisboa), Lollapalooza (São Paulo) ou Levitation (Vancouver), entre outros, o grupo tornou-se já no expoente máximo do rock brasileiro. Das gravações realizadas em alguns destes festivais, jams e improvisações, resulta o álbum ao vivo, “Desvio Onírico”, lançado em 2017 e composto por quatro longos temas. Também neste ano, o quarteto lança o terceiro álbum de estúdio, “Lá Vem a Morte”, um disco com pouco menos de trinta minutos de duração e que apresenta uma nova era psicadélica no universo da banda. O novo trabalho levou já os Boogarins a apresentá-lo no gigante Rock In Rio Brasil e é o mote para a digressão que os traz à Europa na primavera deste ano, pouco antes de rumarem aos Estados-Unidos para a estreia na edição de 2018 do festival Coachella, um dos maiores festivais de música do mundo.

O programa trimestral do gnration para abril-junho conta já com concertos de Peter Broderick (25 de maio) e Julie Byrne (16 de junho, já esgotado). A 28 de abril, o gnration celebrará o quinto aniversário com o já habitual gnration open day, evento de entrada livre e com diversas atividades a decorrer ao longo do dia e noite. No cardápio musical, o programa apresenta nomes como Kelly Lee Owens, Powell, Surma, Ermo, Lavoisier, Osso ou DJ Fitz.

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