Performance poética que revela um emaranhado de simbolismos, de arquétipos, reacendendo no inconsciente a crença no poder intuitivo e sobrenatural das mulheres, intimamente ligado à natureza e aos ciclos de morte e renovação, “Prelúdio” é também um grito interior, visceral, que aponta diretamente à natureza selvagem que existe dentro de cada um.
Em palco, a bela e sensível composição musical, aliada à narração oral, enlaça as histórias da peça para tocar o íntimo do espetador, embalando-o num turbilhão de imagens e emoções guardadas na voz de quem canta e conta e no íntimo de quem escuta. Esta é a chave para transportar o público numa viagem sensitiva, quase hipnótica, rumo às profundezas da sua memória emocional.
Reprimido por todo um conjunto de convenções sociais, religiosas e por uma sociedade dominada pelo homem, o ser selvagem primitivo das mulheres é, nesta peça, libertado na forma de um poema cantado e contado, uma espécie de grito melódico onde ecoam os instintos mais profundos da natureza feminina. Um espetáculo entretecido com fios colhidos na memória coletiva, tendo a tradição oral como fonte primordial dos materiais para esta construção: arquétipos, símbolos, rituais – a essência humana dita e retornada.
Fundado em 2008 em Joane, Vila Nova de Famalicão, o Teatro da Didascália alia à criação de espetáculos o desenvolvimento de projetos ligados à programação cultural (Festival Internacional Vaudeville-Rendez-Vous; encontro de teatro Territórios Dramáticos e Espaço FAUNA).
“Prelúdio: A Mulher Selvagem” é a peça que o Teatro da Didascália apresenta no Theatro Circo a 2 de fevereiro