Falar dos Shared Files é falar de música electrónica, mas desenganem-se aqueles que julgam que a música electrónica não tem conteúdos, pois os ficheiros partilhados pelo colectivo de Santa Maria da Feira são muito mais que electrónica pura e dura…
Mas recuemos até 1990 fazendo uma pequena viagem até Bristol na Inglaterra… Vivia se uma evolução dos soundsystem e os Massive Attack surgiam como os pioneiros a juntar a electrónica em várias camadas com uma sonoridade Pop. Na altura o trio hop afirmava-se como um produto ‘made in Bristol’, evoluindo mais tarde para nomes como os Portishead.
25 anos depois a música electrónica evoluiu e muito, desmembrando-se em vários estilos e correntes, em que os Shared Files são a prova dessa mesma evolução, construindo música em camadas, com uma pitada pop, acentuada pela agressividade vocal da Rita que com subtileza transforma a electrónica em sonoridade de culto, basta estar atento ao tema “Monsters all over” incluído no disco de estreia “RGB”.
Em 1990 em Bristol foi o que aconteceu.. camadas e mais camadas de beats com algumas pinceladas orgânicas. A música electrónica levamos ainda até ao ano de 1972 quando os alemães Kraftwerk eclodiram com a sua música única na altura, e onde os Shared Files encontraram uma janela em “Pocket Calculator”.
Voltado mais uma vez aos ficheiros partilhamos, essas influências todas estão lá, pelo meio das camadas que o Simão vai dobrando, juntamente com as mensagens que surgem através da Rita.
Vivências pessoais, influências, mas acima de tudo uma partilha musical única influenciado por correntes iniciadas em Bristol, sem esquecer o passado em Düsseldorf, que evoluíram como os próprios Shared Files, para uma sonoridade única e sem reflexos no espectro musical.
Fotografias / Reportagem: Paulo Homem de Melo
