Salão Brazil dá a conhecer a programação de janeiro

O Salão Brazil em Coimbra deu as boas-vindas a 2023 com uma programação marcada pela habitual diversidade de linguagens e abordagens artísticas.

A programação de Janeiro arrancou no passado sábado, dia 7, com um concerto de The Monkious, grupo formado por Philipp Ernsting (bateria), Marcelo dos Reis (guitarra) e Gonçalo Almeida (contrabaixo). Os The Monkious partem da música do pianista e compositor Thelonious Monk, que deixou um legado até ao infinito, no qual as melodias são desconstruídas e as estruturas harmónicas abertas sobre um pano de fundo da improvisação livre, assumindo uma natureza vanguardista e intemporal.

A 13 de Janeiro, sexta-feira, o Salão acolhe a apresentação do disco de estreia do guitarrista João Carreiro, “Pequenos Desastres”, recentemente editado pela Robalo Music.

O concerto vai contar com a presença de João Carreiro (guitarra e composição), Albert Cirera (saxofones), Gonçalo Marques (trompete), Demian Cabaud (contrabaixo) e João L. Pereira (bateria). As composições são pequenas ideias que servem de ponto de partida para a improvisação conjunta, refletindo o percurso do músico, entre o jazz e a música improvisada.

No sábado, dia 14, o palco ficará a cargo de Puta da Silva + Farofa / Phephz (na foto), numa parceria com a Gig.Rocks e Kebraku. Mais do que apenas uma nomenclatura, Puta da Silva reflete o estado de espírito de uma multiartista afrotravesti, imigrante e trabalhadora. A artista tem já um vasto trabalho desenvolvido no Brasil e além-fronteiras, nas áreas da música, performance e curadoria/direção de espetáculos. A transpiração mantém-se com uma proposta de clubbing que manterá a noite viva com Farofa e Phephz, sublinhando o papel essencial que a Kebraku encabeça ao ser uma montra e um estímulo agregador na promoção do trabalho de uma série de artistas não europeus.

 

Dia 19, quinta-feira, será a vez de Batida DJ agitar o palco do Salão. Munido de uma mesa de mistura e de um microfone, Pedro Coquenão tem criado e desenvolvido trabalho com rádio, música, dança, artes visuais e plásticas. Soma DJ Sets em cidades como Londres e Paris e tornou-se o primeiro artista português e angolano e protagonizar uma sessão do Boiler Room. Tem músicas e remisturas espalhadas por catálogos como Soundway, Crammed, Fabric, BBE, Beating Heart, On The Corner Records ou Lusafrica.

Este espetáculo surge a propósito das comemorações do 5.º aniversário da Grama. Na sexta-feira, dia 20, o Salão recebe os Broken Time Machine, banda formada por Pedro Ramos, Diogo Joaquim, Francisco Santos, Carlos Martinho e Pedro Baptista. Classificando-se como banda de indie-rock, apresentam composições que misturam andamentos e melodias melancólicas do R&B e Blues, com sonoridades explosivas e rítmicas do Pós-Punk e Rock. Os Broken Time Machine tocam juntos desde 2020 e estão prestes a lançar o seu primeiro EP, “Call Me By My Name”, gravado nos estúdios da Blue House (exceto o tema “It’s gonna be ok”).

A semana termina apenas no dia seguinte, sábado, dia 21, com um concerto de Fushi. Com André Fernandes na guitarra e eletrónica, Sara Badalo na voz e loops e André Fazão na bateria, o grupo produz uma música que nos transporta de um lugar de conforto para outros inesperados, aliando o som da guitarra à voz ora cristalina, ora processada até ao ponto de se assemelhar a novos instrumentos. Os Fushi criam uma experiência que se assemelha a uma viagem que nos leva dos sons orgânicos do Jazz às sonoridades da Pop até à desconstrução de tudo isto, num só movimento criativo em cada atuação.

O trio The Acrylic Rib, formado por Albert Cirera (saxofones), Olie Brice (contrabaixo) e Nicolas Field (bateria), sobem ao palco do Salão no dia 27. Tocam música improvisada numa viagem que vai do free jazz a um contraponto melódico, entre texturas ruidosas e interações timbrais delicadas. Tendo já tocado entre si, mas nunca em conjunto, era demais evidente o desejo de formar um trio. Findos os confinamentos impostos pela pandemia, juntaram-se e o seu álbum de estreia será lançado em Março deste ano.

Após encerrar 2022 perante um Cineteatro Capitólio esgotado, os Ganso inauguram este novo ano com uma nova digressão nacional, a marcar presença no Salão já no dia 28. Depois de editarem o seu último disco em 2019 e de percorrer uma bonita aventura com o Conjunto Cuca Monga, a banda regressou com dois singles que merecem ser ouvidos. “Gino (O Menino Bolha)” e “Sorte a Minha” são duas canções irmãs, com o mesmo bpm, mesma atitude e mesmo preset de teclado. Demarcadas de trabalhos anteriores, pelo seu groove dançante, em ambas as músicas o baixo tem o protagonismo que caracteriza a música de dança.

 

Photo: Paulo Homem de Melo / arquivo Glam Magazine

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