Que corpos e que mulheres são estas em “Pérola Sem Rapariga” de Zia Soares

Teatro, música, vídeo, poesia, fotografia e luz vivem na peça “Pérola Sem Rapariga” que será apresentada no dia 23 de março no Pequeno Auditório do Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães.

Um espetáculo que resulta do encontro entre a encenadora Zia Soares e a escritora Djaimilia Pereira de Almeida e que se inspira na leitura de “Voyage of the Sable Venus and Other Poems”, da autora afroamericana Robin Coste Lewis, e no arquivo fotográfico de Alberto Henschel, fotógrafo alemão radicado no Brasil na segunda metade do século XIX, autor de uma série de retratos da população africana e afrodescendente. 

Interpretado por Filipa Bossuet e Sara Fonseca da Graça, que dão vida às personagens e conduzem os espectadores por uma jornada de autodescoberta, “Pérola Sem Rapariga” pensa a relação entre a superfície do corpo e aquilo que sobre ele somos capazes de dizer, entre legenda e imagem, entre a pele e o salvamento, incidindo também na condição da mulher, que é explorada neste espetáculo, em que duas mulheres se expõem, mas ao mesmo tempo se libertam a elas próprias, com lutas internas. Isto, num espaço da cena em que o artista visual Kiluanji Kia Henda intervém instalando prenúncios de apocalipse. 

O espetáculo traz assim à cena uma proposta inovadora, onde o texto, a dramaturgia e a encenação se entrelaçam numa exploração dialógica que aborda a relação entre o corpo e a narrativa, a legenda e a imagem, surgindo do encontro criativo entre Zia Soares e Djaimilia Pereira de Almeida, duas artistas comprometidas com a representação da cultura afrodescendente.  

📸 Filipe Ferreira

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