Olga Roriz revisita universo de Ingmar Bergman “A meio da noite”

A meio da noite” chega ao Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor pela mão de Olga Roriz esta sexta-feira, dia 15 de setembro, às 21h30, numa profunda homenagem da coreógrafa a Ingmar Bergman, no ano de celebração dos 100 anos do seu nascimento. “A meio da noite” mergulha na complexidade das relações humanas. Nos homens e mulheres assustadoramente reais que foram a base inspiradora de muitos dos filmes do realizador sueco. A dança, o teatro e o cinema à procura de um outro lugar.

 

A 14 de julho de 1918, nascia Ingmar Bergman. A 15 de setembro de 2018, Olga Roriz apresenta “A meio da noite”, uma criação que homenageia a obra do cineasta sueco no ano do centenário do seu nascimento. A impossibilidade de comunicação, a religião e a morte são as temáticas mais obsessivas de Bergman. No entanto, o que é mais importante na vida do realizador é a comunicação que conseguimos com outros seres humanos: sem isso estaríamos mortos.

Apesar de lhe interessar qualquer ser humano, seja homem ou mulher, Bergman não esconde gostar mais de trabalhar com mulheres, afirmando que são melhores atrizes, talvez porque têm uma relação mais aberta com a sua reflexão. A verdade é que as mulheres de Bergman não são um mito, elas existem em todo o seu esplendor e complexidade. As referências são esmagadoras, tanto na quantidade como na dificuldade de análise e interpretação de cada personagem. É nessa visão do realizador que este espetáculo se inspira, nesses homens e mulheres assustadoramente reais, na solidão em luta constante com o interior.

Sendo este um espetáculo que se propõe abordar a temática existencialista do encenador e cineasta Ingmar Bergman, é simultaneamente uma peça sobre o processo de criação numa procura incessante de si próprio e dos outros. Sete intérpretes encontram-se para partilhar as suas pesquisas sobre a obra do realizador e criarem, coletiva ou individualmente, cenas que possam integrar um futuro espetáculo. À volta de uma mesa/ilha, fecham-se nos seus pensamentos, mergulhados nos computadores, nos livros, nos vídeos. Tudo nasce desse imaginário de criação: o som, a luz, as imagens, as ações e contradições, dramas, pesadelos e fantasmas. As camadas de representação acumulam-se, criando tramas dramatúrgicas onde se mistura a mentira com a verdade dos factos.

 

Photo: Filipe Cunha

Partilha