Nova temporada do Teatro Municipal do Porto aposta em novas criações de artistas da Porto

Revigorada, renovada” e com vários projetos de programação que imprimem uma nova dinâmica de atividade, presencial e digital, após um ano e meio pandémico. Assim se define a Temporada 2021/2022 do Teatro Municipal do Porto (TMP) apresentada na manhã desta quarta feira, 21 de Julho, por Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, e por Tiago Guedes, diretor do TMP.

 

A programação arranca a 16 de setembro, contando com vários regressos de peso à cidade, nacionais e internacionais. Entre setembro de 2021 e julho de 2022, serão apresentados 118 espetáculos, 49 são coproduções do TMP, 60 dos quais de artistas e companhias que trabalham a partir da cidade e 22 internacionais.

Relativamente ao online, mantém-se a aposta nas transmissões em ambiente virtual, com a exibição de 17 criações e atividades complementares.

 

Um dos primeiros regressos e destaques da nova temporada é o coreógrafo belga Jan Martens. Depois de trazer ao Rivoli, em 2015, a peça The Dog Days Are Over, volta ao mesmo palco com a sua mais recente criação: any attempt will end in crushed bodies and shattered bones. Composto por um corpo de baile atípico de 17 bailarinos, de diferentes gerações, o espetáculo estreia-se em Portugal, em sessão única, a 18 de setembro (e online, dia 22 de setembro).

A peça foi apresentada pela primeira vez ao vivo na edição deste ano do Festival de Avignon, em França.

 

Em setembro, há ainda dois regressos de peso a registar: a francesa Maguy Marin, que leva ao palco do Rivoli, em estreia nacional, a remontagem de UMWELT (24 e 25 de setembro), peça que criou em 2003 e foi considerada pela crítica como uma obra magistral; e Marlene Monteiro Freitas, coreógrafa cabo-verdiana radicada em Lisboa, a quem o TMP dedicou um foco de programação em 2020 e que terminou com o reagendamento para esta temporada da sua mais recente criação Mal – Embriaguez Divina (30 de setembro e 1 de outubro, Rivoli).

 

Artistas e companhias portuguesas vão estar em grande plano na nova temporada do TMP. A primeira criação nacional em estreia é A História do Soldado (6 a 9 de outubro, no Campo Alegre, e a 10 de outubro, no TMP Online), de Stravinsky/Ramuz, uma colaboração entre a coreógrafa Né Barros e Ensemble – Sociedade de Actores. Seguem-se Buffalo Bill (5 a 6 de novembro, Rivoli), de Paulo Mota / Devagar; O Susto é um Mundo (18 e 19 de novembro, Rivoli), de Vera Mantero; Fazer e Desfazer (19 e 20 de novembro, Campo Alegre), de João Telmo/Nova Companhia; e 3xDRILL (10 e 11 de dezembro, no Rivoli, e 12 de dezembro, no TMP Online), a terceira intervenção de Jonathan Uliel Saldanha enquanto artista associado do TMP para as temporadas 2020/2021 e 2021/2022.

 

A programação nacional contará ainda com projetos de Cleo Diára, Isabél Zuaa e Nádia Yracema, Diogo Freitas / Momento – Artistas Independentes, Teatro Experimental do Porto (com os chilenos Teatro La Maria), Companhia Nacional de Bailado, Diana Sá, Jorge Andrade / mala voadora, Marco Martins, Nuno Lucas (com o francês Joris Lacoste) ou Teatro Praga (com a Orquestra Sinfónica Metropolitana).

 

No primeiro quadrimestre, o TMP mantém ainda a sua ligação aos festivais da cidade, acolhendo, ao longo do ano, MEXE – 6º Encontro Internacional de Artes e Comunidade, Porto Post Doc, MICAR – Mostra Internacional de Cinema Anti-Racista, Queer Porto 7 – Festival Internacional de Cinema Queer e Festa do Cinema Francês. Prosseguem também as parcerias com Medeia Filmes, Cultura em Expansão, Instável – Centro Coreográfico (Palcos Instáveis), Curso de Música Silva Monteiro (Novos Talentos), Universidade Lusófona do Porto (Do Acontecimento) e WOMEX – Worldwide Music Expo.

 

Reconhecido inicialmente como artista visual, Dimitris Papaioannou será, em dezembro, o destaque da programação internacional. O multifacetado artista grego, que mudou o seu foco para as artes performativas, apresenta-se no Rivoli, em estreia nacional, com Transverse Orientation (3 e 4 de dezembro), projeto que resgata a luminosidade de trabalhos anteriores, como Primal Matter (2012).

 

Em junho de 2022, há mais um “reencontro” agendado, desta vez com o coreógrafo brasileiro Marcelo Evelin, que já passou pelo Teatro Municipal do Porto com De Repente Fica Tudo Preto de Gente (2014), Matadouro (2015), Dança Doente (2017) e A Invenção da Maldade (DDD-Festival Dias da Dança, 2019). Considerado um dos mais importantes nomes das artes performativas brasileiras, Evelin apresenta no Porto o seu novo espetáculo, cujo título provisório é Povo da Mata (3 e 4 de junho de 2022, Campo Alegre).

 

Dos espetáculos que transitaram da anterior para a presente temporada, será ainda possível assistir a, Saison Séche da artista francesa e fundadora da companhia Non Nova, Phia Ménard, a quem o TMP dedica um foco de programação de 17 a 27 de fevereiro de 2022, composto por espetáculos, workshops, filmes e debates. Nos dias 8 e 9 de julho de 2022, será a vez de Falaise subir ao palco do Rivoli, uma criação de Baro D’Evel, companhia franco-catalã de circo e artes performativas dirigida por Camille Decourtye e Blaï Mateu Trias.

 

Raimund Hoghe, o coreógrafo e dramaturgo alemão que faleceu em maio deste ano, era considerado uma referência das artes de palco e da dança contemporânea, assim como um dos nomes mais apreciados pelo público do TMP. Amigo do Porto, onde apresentou vários dos seus trabalhos, como Canzone per Ornella (Canção para Ornella) e Postcards from Vietnam (Postais do Vietname), La Valse, An Evening with Judy, Quartet ou Songs for Takashi, será alvo de uma homenagem em março do próximo ano. O programa completo será anunciado brevemente.

 

Entre 9 e 12 de dezembro, o Teatro Campo Alegre acolhe a quinta edição do Foco Famílias, programa com várias atividades e espetáculos para ver e fazer com a escola ou em família. Inserido no programa desenvolvido pelo Paralelo – Programa de Aproximação às Artes Performativas do TMP, este foco de programação convida miúdos e graúdos a participarem numa viagem ao mundo das árvores, a descobrir uma mulher singular e a voar entre nuvens e espuma. Durante quatro dias, são apresentadas as peças de teatro e dança Antiprincesas – Carolina Beatriz Ângelo, de Cláudia Gaiolas, e Le Petit Bain, de Johanny Bert / Théâtre de Romette (França), respetivamente, e o concerto As árvores têm pernas para andar, da pianista portuguesa Joana Gama.

 

Até ao final de 2021, os amantes das “Quintas de Leitura”, que este ano comemoram o seu 20º aniversário, vão poder assistir a três sessões deste ciclo poético (14 de outubro, 4 de novembro e 16 de dezembro), que se realizam, no Teatro Campo Alegre. As “Quintas”, que habitualmente se fazem com o contributo de vários intervenientes de diferentes quadrantes artísticos, vão contar com nomes como Mário Laginha, Benjamim, Andreia C. Faria, Emília Silvestre, Teresa Coutinho, Alan Sencales, Isaque Ferreira, entre outros.

 

Em janeiro de 2022, celebra-se o 90º aniversário do Teatro Rivoli com um programa  que promete atravessar várias disciplinas — desde a literatura à dança, da música ao circo contemporâneo, passando pelo teatro —, através de nove criações de artistas e companhias da cidade. Nos festejos está também incluído o lançamento do oitavo e nono volumes dos Cadernos do Rivoli.

 

Nesta nova temporada, o TMP apresenta Retratos, um novo foco de programação que pretende juntar nas mesmas datas, em sessões distintas, dois artistas com projetos a partir do conceito de autorretrato. A primeira edição contará com a conferência-performance Arranjo Floral (16 e 17 de setembro, Campo Alegre), de Filipe Pereira, e a performance BITCHO – às escâncaras (16 e 17, no Campo Alegre, e 18 de setembro, no TMP Online), de Susana Chiocca.

 

Entre os dias 15 e 24 de outubro, será a vez do FIMP – Festival Internacional de Marionetas do Porto ocupar os vários palcos e espaços do Rivoli e Campo Alegre, com a sua 32ª edição. Em parceria com o TMP, serão apresentados 10 projetos artísticos, dos quais dois em estreia nacional, de artistas e companhias, como Johann Le Guillerm (França), Fernanda Fragateiro e Aldara Bizarro, Marcelo Lafontana, Meinhardt & Krauss (Alemanha), Fernando Mota, Teatro de Ferro, Léa Drouet (Bélgica/França), MECANIKA (França), Gustavo Sumpta e Giuseppe Chico & Barbara Matijevic (França/Itália/Húngria).

 

Destaque, também, para a terceira edição de Double Trouble, que se realiza de 26 a 30 de outubro, no Teatro Campo Alegre. Dedicado a formatos menos convencionais e “indisciplinados” que permitem novas interações com o público, Double Trouble #3 terá como foco o som e o estímulo auditivo, a partir dos projetos de Matthew Steinke & Sonoscopia, Carlos Azeredo Mesquita e Grupo VÃO.

 

A Mostra Estufa, programa em parceria com a companhia Erva Daninha dedicado a novos criadores de circo contemporâneo, realiza-se nos dias 26 e 27 de novembro, no Teatro Campo Alegre. A edição deste ano será composta por três propostas, em estreia absoluta: Memória, de Maurício Jara e Bruno Machado (Portugal/Croácia), ferro à ferrugem, de Alan Sencades (Portugal/Brasil), e Mellow Yellow, de Juri Bisegna, Ottavio Stazio e Ricardo S. Mendes (Portugal/Itália).

 

Na música, mensalmente serão apresentados concertos no Subpalco do Teatro Rivoli, no âmbito do ciclo Understage do TMP em coprodução com a Matéria Prima, Lovers & Lollypops e Amplificasom.  

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