Nosso Querido Figueiredo… Projeto musical idealizado por Matheus Borges em 2008, após uma decepção amorosa e o segundo turno das eleições municipais. Lançou cerca de 50 gravações (entre álbuns e EPs) em quase uma década de atividade. O som de Nosso Querido Figueiredo é caracterizado por sintetizadores digitais, linhas de baixo e baterias eletrônicas. Passeou pelo pós-punk, pelo samba eletrônico e pelo noise pop, sempre fiel à estética lo-fi da gravação caseira.
A gravação do novo álbum, chamado “Juventude”, se deu na maior parte entre o outono e o inverno de 2017, um período de tédio e frio em que a umidade de Porto Alegre penetrava no teclado do meu computador. Eu acompanhava os acontecimentos do Brasil e do mundo nos noticiários, ao mesmo tempo em que lidava com minha própria ansiedade, minha própria depressão sazonal – não tão incomum entre os habitantes desta cidade que passa semanas sem receber ao menos um raio de sol nos meses de julho ou agosto.
Ansiedade: Perceber que estou envelhecendo, mas não necessariamente amadurecendo.
Amadurecer é uma condição anterior à velhice. Envelhecer é a resposta do corpo ao processo interno de aceitar a idade adulta.
Senso comum: Primeiro, a sabedoria. Depois, os cabelos brancos.
No entanto, tenho entradas na testa e ainda não me sinto sábio.
Moro debaixo de um teto e tenho animais de estimação. Tenho livros, muitos livros, tenho uma palavra atrás da outra para justificar um momento que não chega. Tenho um diploma e um grande passado pela frente.
Sim, esse é o fim da minha juventude. Mas isso não quer dizer que eu tenha amadurecido.
Afinal de contas, o que é a juventude?
É um recorte temporal na vida de alguém ou simplesmente um estado de espírito?
Ansiedade: Não tenho paciência para as perguntas. Quero inventar minhas próprias respostas.