Milton Nascimento, um Clube, uma Esquina e uma noite Mágica

Ontém, foi dia de assistir um dos maiores músicos e compositores Brasileiro, no Coliseu do Porto e aproveitar para relembrar um marco na história da música popular brasileira, o Clube da Esquina.

Uma excelente forma de passar uma noite soalheira de Verão. Difícil foi escrever este texto, sem parar diversas vezes para relembrar momentos e pessoas, que marcaram a minha vida. Bate uma saudade gostosa e saudável, das festinhas, da época Universitária, das namoradas, das discussões filosóficas numa mesa de bar (as famosas conversas de botequim), etc.

Acredito que uma grande parte da minha geração, possui algum tipo de lembrança, relacionada com alguma música do Bituca. Ontem, lembrei que possuo várias…

 

Na verdade não era um clube, era somente uma esquina de um bairro de Belo Horizonte, onde Milton e outros jovens músicos, reuniam-se no Brasil nos finais dos anos 60, em plena ditadura militar e que ficaria conhecido como Clube da Esquina, dando origem a dois álbuns homónimos.

A turnê Clube da Esquina, é um revival desses dois trabalhos, onde Milton, acompanhado por Wilson Lopes (guitarra, violão e direção musical), Beto Lopes (guitarra e violão), Alexandre Ito (baixo), Kiko Continentino (piano), Lincoln Cheib (bateria), Ronaldo Silva (percussão) e Widor Santiago (sax e flauta).

Ainda contando com a presença de Zé Ibarra, vocalista da banda carioca Dônica e de uma convidada especial, a fadista portuguesa Carminho, trazem ao público grandes clássicos dos álbuns “Clube da Esquina” (1972) e “Clube da Esquina 2” (1978). Zé Ibarra, atua como backing vocal, toca viola e percussão e ainda presenteou o público cantando a solo, com a sua belíssima voz em “San Vicente”, “Trem Doido” e “Estrela”.

 

Carminho por sua vez, traz o Fado para o Clube da Esquina, cantando em dueto com Milton em “Cais”, “Encontro e Despedidas” e no encore “Paula e Bebeto”, criando uma mistura de vozes e timbres interessantes e gratificante de ouvir e sentir, bastando fechar os olhos e viajar pelas letras das músicas.

Milton Nascimento, conseguiu criar um momento mágico, mostrando que as suas composições são intemporais. Mesmo depois de tantos anos e muitas mudanças no cenário da música Mundial e Brasileira, continuam inesquecíveis e arrepiando a pele mesmo quando ele não canta.

“Lília”, é um exemplo dessa mágica. Foi composta para a sua mãe, mas não possui letra, pois segundo o próprio Miltonnão tem letra, porque não há palavras no mundo, que possa definir a beleza dessa Mulher”

 

Foi um verdadeiro passeio por diversos sucessos, onde o público acompanhava as letras num grande coro.

Obrigado Milton pelo show de ontem, pelas memórias que foram despertadas e por fazeres parte da minha juventude. Valeu Bituca “ Velho maquinista com seu boné, Lembra o povo alegre que vinha cortejar” (Ponta de Areia)

 

Reportagem e fotografias: Sergio Pereira

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