Maze e Vinicius Terra levam “Fronteira Mátria” ao Brasil

Unidos pelo rap e pela língua portuguesa, que esconde muitas línguas dentro, o português Maze e o brasileiro Terra assinam juntos “Fronteira-Mátria”, livro que foi apresentado em Outubro no Festival Literário Internacional de Óbidos.

Chega agora a vez do Brasil, com apresentações oficiais a 16 de novembro, na Casa da Leitura da Bibioteca Nacional, no Rio de Janeiro, e a 21 de novembro, no Consulado Geral de Portugal, em São Paulo. Além disso, os rappers atuam de 15 a 19 de novembro, no Rio de Janeiro, no âmbito do Festival Terra do Rap, e a 22 e 23 de novembro, dão uma oficina e um concerto, respectivamente, inseridos no projecto Meu Bairro Minha Lingua.

 

André V. Neves (Maze) e Vinicius Terra (Terra) conheceram-se há mais de dez anos numa vinda do segundo a Portugal para dar alguns concertos. Depois disso, Maze foi ao Brasil participar no festival Terra do Rap, que tem curadoria de Vinicius, e foram mantendo o contacto, digital e pessoalmente, criando uma relação que mais do que de trabalho passou a ser de amizade. O rap (sigla para ritmo e poesia, em inglês), que ambos fazem há mais de 20 anos, juntou-os. Já a ideia de publicarem um livro em conjunto surgiu por causa de um convite da Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, para um espetáculo de comemoração do Dia de Portugal em junho do ano passado.

 

“Durante o processo de ensaios trocámos muitas ideias, e falámos sobre a nossa vida, o nosso momento atual enquanto MC’s [Mestres de cerimónias], e sobre a nossa relação com a palavra. E acho que foi exatamente nesse momento que a ideia nasceu”, confessa Maze. Quanto à escolha do título “Fronteira-Mátria” para a apresentação do livro, Vinicius Terra justifica “queremos ressignificar o conceito de nação. Se pensarmos no masculino pátria, no conceito, ele é austero. E se fossemos mátria, se Portugal fosse uma mátria? Se o Brasil fosse uma mátria? No sentido feminino da gestação, de gerar um ser, de acalentar um ser, de fazer crescer um ser. E não uma figura clássica do paterno austero”.

Os músicos e escritores acreditam que estamos no momento exato de ressignificar tudo isto, tanto em Portugal quanto no Brasil, repensando as questões de reparação histórica, fronteiras, nação, empoderamento, inclusão. “Foi esse grande desafio de transpor todos esses sentimentos contemporâneos em versos que fez nascer ‘Fronteira-Mátria’”, acrescenta.

Partilha