Lumina, a sétima obra de Bestiário, tem o desenho de luz de Manuel Abrantes como ponto de partida para a criação. A estreia nacional acontece a 26 de Fevereiro no Teatro Viriato, Viseu.
Nascendo da necessidade de falar sobre a luz, a rapidez e o ruído, Lumina é também uma proposta de um caminho diferente para o processo artístico.
Assim como é a luz, omnipresente e ininterrupta, que dita ao Homem contemporâneo o seu modus operandi 24/7, o desenho de luz de Lumina dita a construção plástica e poética da equipa artística.
Esse excesso e essa velocidade servem de pontos de fuga para a dramaturgia. E, para ser fiel à proposta de criar um espetáculo em volta do conceito de Luz, só é justo que se parta dela.
LUMINA é fruto do desafio lançado a Manuel Abrantes, desenhador de luz, convidado por Bestiário para a codireção artística de um projeto cujo ponto de partida fosse o desenho de luz. Este encontro convidou-nos a refletir sobre o excesso do contemporâneo: velocidade, ruído, dicotomias naturais : artificial, orgânico : máquina, transumanismo, dataísmo e digitalização. Contudo, e talvez como contraponto à claustrofobia provocada pelo cerco tecnológico, LUMINA depende sobretudo da iluminação convencional de cena e do corpo do/das intérpretes que habitam e manipulam o espaço criado pela luz. Este espetáculo, que surge também como um desafio à normatividade da criação teatral, revela-se um retrato abstrato da contemporaneidade através de imagens que expõem o excesso, o belo, a aflição e a transcendência provocadas na/pela luz
Photo: Estelle Valente