Joana Gama e Victor Hugo Pontes iluminam medos e fascínios infantis com “Nocturno”

A 16 e 17 de fevereiro, a música e a dança chegam aos mais novos com “Nocturno”, de Joana Gama e Victor Hugo Pontes, um espetáculo que sobe ao palco do Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor (CCVF) para estabelecer uma ponte entre o mundo das artes e o mundo das crianças, dois universos em que a noite nunca deixou de ser simbólica, porque nunca deixou de representar a fronteira entre o que vemos e o que não vemos, entre o que imaginamos, o que sonhamos e o que tememos. Na imaginação das crianças, a noite é talvez o primeiro dos grandes mistérios. As sombras, o escuro, o silêncio, os barulhos da rua e os movimentos na casa propiciam pensamentos fantasiosos, muitos medos, algum fascínio. Joana Gama e Victor Hugo Pontes criaram uma receita e prepararam este espetáculo para miúdos e graúdos, onde a música e a luz (ou a ausência dela) prometem surpreender-nos.

O universo infantil é ocupado pela ideia da noite como sinónimo do desconhecido, por um lado, e como possibilidade infinita, por outro. Terrores noturnos, monstros debaixo da cama, chuva forte que não deixa dormir, mas também sonhos alegres, histórias para adormecer, canções de embalar, mimos de boa noite, a luz da lua. A noite é por definição um lugar fantasioso, e assim continua na idade adulta, associada à solidão, à insónia, ao desvio, mas também à intimidade e ao recolhimento. E, por tudo isto, a noite está ancestralmente ligada a um certo universo artístico, situado entre a melancolia e a transgressão. “Nocturno” inspira-se em muitas noites possíveis – na aldeia e na cidade, ao relento e em abrigos improváveis, debaixo dos cobertores no Círculo Polar Ártico, dentro de água nas Caraíbas, na camarata de uma casa grande, no beliche de um pequeno apartamento. Diferentes sons e experiências, com ou sem estrelas, mas sempre sob o mesmo céu escuro.

Nocturno” tem música original de João Godinho, na qual o piano é usado não apenas como instrumento melódico, mas também como veículo de sons ora encantatórios, ora aterradores. O noturno enquanto género musical – pequena peça para piano, emblemática do período romântico e de caráter melancólico – serve naturalmente de inspiração. É assim estabelecida a ponte entre o mundo das artes e o mundo das crianças, dois universos em que a noite nunca deixou de ser simbólica, porque nunca deixou de representar a fronteira em o que vemos e o que não vemos, entre o que imaginamos, o que sonhamos e o que tememos.

Nocturno” apresenta-se por 2 vezes no CCVF: na sexta-feira, dia 16, às 15h00, e no sábado, dia 17, pelas 11h00.

 

photo: Estelle Valente

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