IndieLisboa divulga programação Foco Silvestre + Silvestre Longas

A secção Silvestre prima pela singularidade de obras tanto de autores jovens como confirmados que, rejeitando o status quo, criam novas linguagens cinematográficas.

De entre as longas metragens da secção, destacam-se entre muitos outros Bad Luck Banging or Loony Porn, longa-metragem de Radu Jude, que foi por diversas vezes vencedor do IndieLisboa. O filme cristaliza a particularidade desta secção pela sua forma pouco convencional e o sentido de humor irreverente. Esta sátira da pandemia que vivemos teve a sua estreia na Berlinale, onde foi aclamada pela crítica e obteve o prémio principal do festival – o Urso de Ouro.

De Eugène Green, cuja relação próxima com o festival data da primeira edição, em que ganhou o Grande Prémio IndieLisboa, Atarrabi & Mikelats, a sua última longa-metragem. Nesta versão modernizada de um mito basco, sinceridade e sátira andam de mãos dadas.

Em Her Socialist Smile, John Gianvito constrói um ensaio experimental em torno da figura esquerdista e sufragista de Helen Keller, que apesar de ter perdido a audição e visão em criança tornou-se uma escritora prolífica, professora e activista. O filme destaca importantes aparições públicas de Keller, como o seu discurso Out of the Dark, de 1913.

Em estreia mundial estará o filme brasileiro A Cidade dos Abismos, de Pryscila Bettim e Renato Coelho, uma fábula intemporal que recupera o cinema brasileiro dos anos 70, num festim de cor e lantejoulas que antecipam a tragédia.

Mostra-se também o trabalho desconcertante de Christophe Cognet que explorou, em À pas aveugles, a origem de fotografias tiradas por prisioneiros de campos de concentração, que fotografaram e documentaram clandestinamente o horror que viam.

E ainda Au coeur du bois, de Claus Drexel, que do coração do Bois de Boulogne dá a descobrir as histórias das que ali trabalham.

 

O Foco Silvestre será no trabalho do cineasta colombiano Camilo Restrepo. A par de Teddy Williams e Kiro Russo, Restrepo é uma das vozes mais fortes e coerentes do novo cinema vindo da América latina. O IndieLisboa tem acompanhado de perto os três cineastas, já vencedores de diversos prémios da curta à longa-metragem.

 

Nascido em Medellín, Camilo Restrepo vive e trabalha em Paris desde 1999, sendo membro do colectivo L’abominable, um laboratório experimental onde artistas cineastas de várias gerações e proveniências trabalham a película. Nessa sequência, o foco vai integrar um programa de curtas-metragens de colegas do colectivo, especialmente escolhidas por Camilo Restrepo.

 

A sua primeira longa-metragem retrata uma viagem individual que se mistura com o panorama social e político da Colômbia; em Los Conductos, as cores vibrantes e a textura da película dão uma beleza idiossincrática a um filme cuja personagem principal vive assombrado por memórias violentas.

 

Com cinco curtas e uma longa-metragem realizadas, todas presentes em festivais internacionais relevantes, de Cannes a Berlim, passando por Locarno, Restrepo utiliza as imagens com um discurso político e social, retratando franjas da sociedade, muitas vezes através de um diálogo psicadélico entre imagem e som, com a música a pontuar em alguns dos seus trabalhos mais arriscados. É com o coração no centro de cada filme que Restrepo arrisca e arrisca, até nos entrar na pele.

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