A Rampa no Porto, apresenta dias 26 e 27 de Novembro, Imaginário Futuro Passado, uma exposição inspirada nas premissas do Cosmismo Russo e no seu potencial para refletir sobre a condição contemporânea e futura, com curadoria de Alexandra Balona e Miguel Amado.
A exposição inclui obras de Alice dos Reis, Ece Canlı e Mariana Vilanova, e apresenta-se em três momentos. Através de instalação, dispositivos visuais e performance que negoceiam realidade e ficção, evocam-se temas como biopolítica, especulação extraplanetária, tecnologias de imortalidade, conceções de tempo, matérias humanas e não humanas.
No segundo momento, Ece Canlı apresenta o concerto-performance ANABIOSIS – dream in technicolor. Anabiose, enquanto estado induzido de suspensão da vida, ou de regresso após uma morte aparente, foi crucial no desejo utópico de controlar o tempo. Para superar a mortalidade, os cosmistas russos desenvolveram projetos de rejuvenescimento do sangue, de ressurreição da morte e invasão de outros planetas, considerando o humano um ser cósmico.
Refletindo sobre outras perspetivas excluídas nesta grande narrativa de (pós) humanidade, esta obra surge como um espelho, refletindo a eternidade de uma fração de segundo em animação suspensa antes da ressurreição.
Neste concerto-performance, o corpo sonoro de Canlı viaja no tempo através de histórias de criaturas mitológicas que, responsabilizadas por catástrofes e pela malevolência humana, terão sido demonizadas, punidas e assassinadas, perpetuando-se em lendas de reencarnação além da moral e da morte.
Numa re-fabulação dessa história circular, Canlı contrapõe um retrato anti-hegemónico em reconstituições vocais, sónicas e corporais. Negociando analogias temporais e interculturais, a performance evoca as vozes dessas personagens, como em estado de anabiose. A voz encenada funciona como um canal através dos tempos, corpos e afetos, para um reaparecimento ativado pela insurgência das energias cósmicas e solares.
