No dia 10 de Outubro estive no Cinema Charlot, em Setúbal, a assistir ao ensaio geral da segunda sessão que se realizaria à noite com público… escusado será mencionar, cumprindo todas as normas de segurança exigidas pela DGS…
Inserido na programação de “Ilustres Desconhecidos” da segunda edição do Film Fest, o filme de Dan Duyu está baseado num dos episódios da antiga fábula “Jornada ao Oeste” de Wu Chengen.
Tive, então, a oportunidade de ver parte da projecção do filme mudo chinês “A Caverna da Mulher-Aranha” realizado em 1927, tal deliciosa relíquia por si só, mais ainda por ser musicada pelo Bruno Teixeira Trio.
Sessão preta e branca amarelada no ecrã, multicolorida nos ouvidos…
Sem “spoilar” a vossa vontade de ver o filme apenas vos direi que é suficientemente dinâmico, misterioso e rico em personagens-tipo que surpreende. A experiência em Musicoterapia de Bruno Teixeira junto com o talento de Sunil Pariyar e Cheong Li tocaram em todos os órgãos do nosso corpo para acompanharmos na vital aventura dentro da caverna. Mais ainda, se formos românticos o suficiente ainda nos podemos render à teia da mulher ou salvar o racional monge ou algum cão que tenha a oportunidade de dialogar com a dama chinesa e o seu clã feminino.
Disse delicias, não foi? Carícias!
Voltando à música porque o filme é mudo mas fala demais!
O Trio usou todos os seguintes instrumentos: erhu (violino vertical), bansuri flauta bamboo clássica indiana e nepalesa, chimes, as populares taças tibetanas e os gongos, um tambor xamãnico, shrutti box
Harpa persa indiana (santor) uma taça de cristal e um belo búzio! Segundo as palavras do próprio Bruno Teixeira: “o som mais característico do Búzio é como um uivo monotónico ou grito de guerra sibilante parecido com o tradicional corno ou chifre, também equiparado ao som dum trompete”.
Uma perfeita teia de aranha para nos apreender entre o desfrute e a reflexão! A viagem continuará no próximo artigo sobre o filme duma realizadora pioneira!
Reportagem e fotografias: Magda Costa