IDLES… A voz de Protesto de uma geração

Um verdadeiro furação tomou conta da Super Bock Arena, no primeiro concerto da Tour Europeia de promoção do seu novo álbum, “Tangk”. Apesar da sonoridade ser diferente dos primeiros álbuns com uma intensidade um pouco reduzida, “Este é o nosso álbum de beleza e poder”, escreveu o vocalista Joe Talbot nas redes sociais no final do ano passado. A atitude positiva e a fúria continuam presentes e o concerto incendiário. “Tangk”, tem tudo para ser um álbum marcante que solidifica a e evolução do grupo. 

Os DITZ, foram a banda convidada para aquecer o público. Criada em 2016 em Brighton, é formada por Cal Francis (vocais), Caleb Remnant (baixo), Anton Mocock (Guitarra), Jack Looker (Guitarra), Sam Evans (Bateria). Em 2022, lançaram seu primeiro álbum de estúdio, ”The Great Regression”, que foi aclamado pela crítica.

Com uma forte batida e riffs de guitarra seccionados, lutam contra um mundo que persegue a homossexualidade, normaliza o assédio, xenofobia, os fracassos de uma sociedade baseada na perceção e a caminhada estúpida da vida profissional.

DITZ seria o lado metal mais pesado do pós-punk, no estilo Korn ou Slipknot, mas com uma sensibilidades mais alinhadas com Deftones e At the Drive-In. Mais uma mistura explosiva da cena Post-Punk Britânica.

Mas o que torna os IDLES uma das bandas de rock, mais importante dos últimos anos?

15 anos de estrada, som brutal, furioso, aliado a letras que versam sobre temas extremamente atuais como: feminismo, imigração, criticas ao fascismo, etc. Tudo isso personificado na forma como Joe Talbot (vocal), Mark Bowen (guitarra), Lee Kiernan (guitarra), Adam Devonshire (baixo) e Jon Beavis (bateria) comportam-se em cima do palco e no meio do público. Os cinco transformam-se em animais raivosos diante dos fãs que através do seu som, gritam contra o sistema, com guitarras furiosas, distorções ao máximo, bateria marcante e um baixo grave, conseguem transformar o ambiente em apenas um segundo.

Abrindo com o tema “IDEA 01”, os rapazes já deixaram o público em alvoroço, de seguida “Colossus” mexe ainda mais com a malta presente, com direito a moches, batalhas, uma ida do guitarrista Lee Kiernan para o meio do público e o delírio total com pessoas saltando para dentro do Pit, o que fez a produção retirar os fotógrafos presentes por motivo de segurança, por isso não reclamem da quantidade reduzida de fotos.

Na terceira música “Gift Hourse”, o público já estava completamente rendido com a energia vibrante e poderosa que emanava do palco. Mesmo em músicas mais “calmas” como por exemplo: “Grace” e “Roy” a energia era intensa e foi assim até ao final. Foram praticamente duas horas de puro êxtase e catarse misturados com moches e crowdsurfing para o deleite da malta.   

Não faltaram os protestos, principalmente num discurso picante a favor da Causa Palestina e contra o Genocídio que vem sendo cometido na faixa de Gaza, que contou com a ovação de toda malta presente.        

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    Há quem diga que IDLES é Punk Rock, há quem afirme ser Post-Punk, Hardecore e Post-Hardcore. Porém, IDLES é muito mais do que isso. Uma mistura de tudo com algo mais, tipo um ingrediente secreto de uma receita, que não conseguimos descrever genericamente.

Uma coisa é certa, o Pós-brexit, trouxe de volta para o cenário atual, a alma do punk britânico, com seu fortes protestos e ironias, renovados e direcionados para o mundo atual, num momento conturbado e estranho em que vivemos.

Para quem gosta de criar rótulos de estilos musicais, num mundo altamente globalizado onde tudo funde-se criando um novo, talvez seja o Post-Post Punk. 

Eu prefiro definir com uma única palavra: Ebulição

🖋 Sérgio Pereira

📸 Paulo Homem de Melo

Partilha