Corto Maltese, segundo o seu criador Hugo Pratt, nasceu sem linha da vida. O marinheiro, então, pegou numa faca e traçou o seu próprio destino na palma da mão… A palavra fado, é sabido, descende do termo latino “fatum”, que significa destino. O destino entendido enquanto sorte, futuro, fatalidade, fortuna, sina… Mas também enquanto rumo e direcção, caminho e criação, vontade e utopia. Um destino que pode estar escrito em linhas traçadas nas mãos ou nas estrelas, mas que também pode ser inventado e reinventado a qualquer momento e por cada um de nós, agentes do (nosso próprio) destino. O destino não se escreve – é antes um livro em branco onde nós escolhemos escrever – mas pode ser cantado.
Helder Moutinho é um fadista que teve o fado como destino, mas que também tem escrito, tantas vezes, qual o destino que quer no (seu) fado.
Em “Escrito no Destino”, o novo espectáculo que está a preparar, canta o amor e a saudade, o passado e o futuro, a vida e as viagens – musicais, poéticas, metafóricas, temporais, geográficas… As histórias de que tem sido feito, (re)feito e (des)feito o seu destino de cantar ao Fado…
Neste concerto no São Luiz – palco que já visitou várias vezes em nome próprio com os espectáculos “Que Fado É Este que Trago” (2009), “1987” (2013) e, com Gisela João e JP Simões, “Canções Urbanas” (2012) -, Helder Moutinho sente-se de regresso a casa e, também por isso, vai ter com ele alguns músicos convidados – e mais algumas surpresas -, que a seu tempo serão conhecidos.