“First Two Pages of Frankenstein”… O livro que não existe dos The National

A expectativa era grande na noite de 5 de outubro, pois a digressão “First Two Pages of Frankenstein” dos The National estava prestes a ocupar uma esgotada Super Bock Arena no Porto, naquele que seria o primeiro de 3 concertos da tour em Portugal.

A noite começava ao som de Bartees Strange, o projecto musical do britânico que trocou Ipswich na Grã-Bretanha pelos Estados unidos. Fã confesso dos The National, foi com “About Today” da banda de Brooklyn que iniciou a sua apresentação.

No total foram 9 temas que deu a conhecer perante um público que já ansiava pelos The National. 

Com a sala composta, Matt Berninger, Aaron Dessner, Bryce Dessner, Scott Devendorf e Bryan Devendorf dos The National subiram ao palco. Depois de agradecer de forma timida a presença no concerto, Matt e companhia começaram seu set hipnótico com a fascinante “Once Upon a Poolside“, soltando o entusiasmo natural junto do público. Com interpretações poderosas de “Eucalyptus” e “Tropic Morning News“, a banda manteve o elevado nível de energia, e Matt cativou o público de ambos os lados do palco, comunicando com o mesmo de forma sonora. Estavam abertas não duas mas sim três paginas do novo disco, “First Two Pages of Frankenstein”.

É por demais evidente a comunicação de Matt com os fãs, mantendo um diálogo olhos nos olhos junto de quem ocupa a front row da sala. A personalidade de Berninger em palco exalava espontaneidade e autenticidade, espelhada em cada pose e até no tom de conversa das letras das canções na forma em que eram transmitidas, promovendo de forma única a proximidade entre o público e o artista.

Ao longo da eclética set list do concerto, que se estendeu por 2 décadas de canções, Berninger destacou alguns temas como a emocionante “Sea of Love”, enquanto o regresso a “First Two Pages of Frankenstein”, fazia-se ao som de “Alien” e “Grease In Your Hair”.

A banda guardou a sua sequência mais forte de faixas back-to-back na parte final do set principal. Este trio de canções incluiu uma performance transcendente de “England”, animada por sopros harmoniosos, seguindo-se “Graceless”, onde Berninger vagueou pelo palco de forma mais exaustiva e apelando às capacidades vocais do público quando se dirigiu para o pit onde a audiência participou no tema, e culminando a parte final com o sombrio “Fake Empire”.

 

Ao fim de 2 horas de concerto o público queria mais… O encore era mais que desejado pois as expectativas eram ainda muitas, perante um público rendido à timidez rebelde de Matt Berninger.

O dramático “Laugh Track” seria o arranque para um encore que teria em “Mr. November” o grande momento da noite pela incursão anárquica junto da plateia de Matt Berninger.

Até ao final do concerto o público absorveu cada último momento, saboreando a beleza misteriosa de “Terrible Love” e a energia pulsante de “Space Invader” e culminado à capella ao som de “Vanderlyle“.

Os The National não são uma novidade nos palcos portugueses. As passagens pelo nosso pais quer em festivais e ou em nome próprio já se contam em algumas dezenas, mas o concerto deste feriado é mais uma página desdobrada de um livro que a banda de Brooklyn escreve desde 1999.

🖋 Sandra Pinho

📸 Paulo Homem de Melo

Partilha