festival Que Jazz É Este?… 10 Anos… 10 Edições!

10 anos, 10 edições! A génese do festival Que Jazz É Este? é reflexo da génese da associação que o promove, a Gira Sol Azul. Fruto do encontro de jovens naturais ou residentes fora dos grandes centros de formação e produção cultural mas com a vontade comum de fazer, criar, experimentar e partilhar mantendo-se em constante aprendizagem e aperfeiçoamento. O festival é eclético, diversificado e acessível e ocupa preferencialmente espaços públicos.

 

Entre 20 e 24 de Julho o festival acontece em Viseu e integra 11 concertos para público em geral, 5 concertos em formato ambulante na rua, 5 concertos ao domicílio, 3 jam sessions, 1 exposição, 3 conversas, 20 horas de rádio ao vivo e 5 sessões cinema musicado ao vivo.

Os concertos estão desenhados em 3 blocos de programação dirigidos a públicos diversos mas contamináveis entre si e distribuídos por 3 horários: 17h, 19h e 21h30. A par de integrar o trabalho que é desenvolvido localmente e que pretende deixar marcas, a programação do festival pretende colocar a região no mapa incluindo concertos únicos; dá continuidade ao trabalho de proximidade com músicos em formação, integra bandas de artistas emergentes e contribui para a circulação de projetos nacionais e internacionais de relevo.

 

É nos claustros do Museu Nacional Grão Vasco que Pedro Moreira Sax Ensemble apresenta Two Maybe More, peça escrita para o espetáculo de Sofia Dias, Vítor Roriz e Marco Martins, adaptada entretanto para ensemble de 8 saxofones, ao qual se junta contrabaixo e bateria, para melhor explorar as possibilidades de abertura à improvisação.

 

No Parque Aquilino Ribeiro, bem no coração da cidade, passam José James (na foto), artista Blue Note frequentemente referenciado como uma das mais celebradas vozes da sua geração que combina jazz, soul, drum’n’bass, e spoken word na sua marca própria de vocalista jazz; Spinifex, baseados em Amsterdão, combinam free jazz, punk-rock polirrítmico e estruturas rigorosamente compostas com poesia tâmil e islandesa antiga e contemporânea e aventuram-se agora em Spinifex Sings nos territórios da música, da letra e do grito primordial; Karyna Gomes, cantora e compositora de Bissau, onde cresceu a ouvir música tradicional, urbana e ritmos de todo o mundo cuja musicalidade está enraizada nos convívios de quintal típicos das sociedades mestiças dos trópicos e do hemisfério sul e que é influenciada pela sua vivência em três continentes (África, América Latina e Europa); e ainda o tradicional concerto do Colectivo Gira Sol Azul composto por músicos baseados na região de Viseu e que este ano convidam o aclamado pianista de jazz britânico Jason Rebello e a cantora e multi-instrumentista Sumudu baseada em Londres.

 

No âmbito da parceria com o Carmo’81, o Combo Jazz da Gira Sol Azul (composto pelos mais jovens músicos da Gira Sol Azul) apresenta-se num concerto especial com os viseenses Smoke Hills cujo caminho parte do Hip Hop mas faz-se também da procura de criar um estilo não convencional.

 

A Casa do Miradouro, que é também palco Inatel, acolhe projetos dos mais jovens músicos do panorama musical atual: Peixe Boi e Garfo, que têm sido aclamados pela crítica nacional. Ambos se caracterizam por integrarem amigos que têm abordagens musicais comuns e que alternam entre as componentes escrita e improvisada.

Manuel Linhares (Porta Jazz) apresenta-se na mais emblemática sala de espetáculos da cidade, o Teatro Viriato. O seu mais recente álbum Suspenso reforça os seus argumentos dentro do panorama do jazz português, onde para além de se salientar como uma das poucas vozes masculinas da atualidade, apresenta também um trabalho inteiramente composto por repertório original e de enorme criatividade.

A Pousada de Viseu, situada no edifício histórico do antigo hospital da cidade, acolhe Miguel Valente Quarteto, projeto fundado em Amesterdão. Vencedor da 1ª. edição do Concurso Internacional de Jazz da Universidade de Aveiro, promete ser uma força ascendente no panorama do jazz português.

 

As rubricas Jazz Na Rua e Jazz Ao Domicílio que têm como principal objetivo fazer a música atravessar-se no caminho das pessoas, vêem renovadas as parcerias com escolas profissionais de música da região, contando com apresentações de combos de jovens músicos que vêm contagiar a cidade com a energia do jazz todos os dias do festival nas ruas, hospitais, prisões e lares alargando desta forma o acesso de todos à cultura.

A Rádio Rossio emite a partir da sua caravana, estúdio móvel que usa frequências de rádios locais com programas especialmente concebidos para o festival. Este ano, as manhãs estão sob o comando de radialistas de rádios locais, e as tardes com Rui Miguel Abreu (Rimas e Batidas) e Ricardo Ramos (Viseu Demo Tapes).

 

O trio João Guimarães, Bruno Pinto e Olívia Pinto, músicos de diferentes gerações, encontram-se para a apresentação de um Filme Musicado Ao Vivo com repertório original que reflete as diferentes e contrastantes influências individuais.

Além da oferta eclética, o festival continua a ser um espaço de criação de dinâmicas e oportunidades de formação e profissionalização na área da música e neste âmbito realiza-se o 14º Workshop De Jazz De Viseu orientado por Jason Rebello [UK] e Xose Miguélez [ES] em dias de trabalho intenso partilhado depois em palco no jardim do Hotel Grão Vasco.

 

Instalada no Carmo81, a Exposição Que Jazz É Este? Pré-História E 10 Anos De História relembra projetos das últimas décadas relacionados com o aparecimento do festival: da Orquestra Cine Jazz, ao grupo rock Os Tubarões, Quinteto de Jazz de Viseu, à 1ª. Edição do Workshop de Jazz de Viseu, chega-se à história do festival que começa em 2013.

À boleia da exposição e com moderação de Catarina Machado (radialista), realizam-se Conversas em torno dos atores da pré-história do festival e dinâmica musical de Viseu desde os anos 40. Também aqui se reflete sobre a produção cultural e musical fora dos grandes centros e ainda sobre o que é ou não jazz, e como se define e posiciona o jazz ao longo dos tempos.

 

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