Fado Bicha e Coletiva Ocupação entre as primeiras confirmações do MEXE

Já são conhecidas as primeiras confirmações para a 5ª edição do MEXE – Encontro Internacional de Arte e Comunidade. O encontro propõe-se a cruzar as dimensões artística, social, política e ética numa celebração da inevitabilidade de estarmos juntos. Em linha com a urgência dos temas que têm ocupado a atualidade, estreia nacional para o projeto Coletiva Ocupação, grupo de teatro composto por alunos de escolas ocupadas em São Paulo, Fado Bicha, voz a desbravar as barreiras do preconceito, e Duck March, uma marcha coreografada sobre a maternidade composta apenas por mulheres grávidas.

A ter lugar entre os dias 16 e 22 de setembro no Porto, o evento centrado nas práticas artísticas e participação assume-se como um espaço de debate sobre “o comum”, tema desta edição, “como nos situamos numa vivência coletiva contaminada pelo êxtase do sucesso e o imperialismo do individual e suas necessidades? Depois da desilusão com diferentes configurações políticas o que nos inspira no hoje e no futuro?” como afirma Hugo Cruz, diretor artístico do MEXE.

Fado Bicha é um projeto musical e ativista, criado em 2017 por Lila Fadista e João Caçador. Com raízes na canção nacional, a música, aqui, bebe inspiração nos ambientes marginais e boémios de uma Lisboa onde o fado era expressão livre das angústias do povo. Matéria prima maleável, este fado é uma narrativa sobre a comunidade LGBTI em Portugal, que enfrenta, com coragem, a falta de representatividade, as regras e as barreiras heteronormativas da sociedade portuguesa. O recente tema, “Lisboa Não Sejas Racista” agitou a opinião pública portuguesa, assumindo-se como uma música de intervenção contra o racismo, a violência policial e a ameaça aparente do fascismo.

A proposta da artista Caterina Moroni, Duck March é uma invasão no feminino à cidade. Na forma de uma marcha de mulheres grávidas, todas elas anónimas, Duck March cria uma relação com o território e instiga à participação comunitária. O projeto, que teve origem em Itália, já marcou presença em diversas cidades mundiais e passará pela primeira vez por Portugal, no âmbito do MEXE.

Quando Quebra Queima é uma das muitas vozes, que da música e teatro às artes visuais, agitam as consciências e o estabelecido. Um espetáculo que é festa, uma dança que é luta e que traz para o palco o grito de uma “guerra” que é preciso continuar a travar. Quando Quebra Queima é uma obra original da Coletiva Ocupação, grupo de teatro constituído por alunos que viveram, na primeira pessoa, o processo de ocupações e manifestações do “movimento secundarista” que marcou o ano de 2015 em São Paulo. A estreia nacional acontece no MEXE numa coprodução com a Câmara Municipal do Porto no âmbito do programa Cultura em Expansão 2019. O coletivo irá ainda participar numa conferência realizada em parceria com o Serviço Educativo da Fundação de Serralves.

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