Esta de regresso o Festival +Jazz com curadoria da Porta-Jazz

Depois de um interregno de dois anos o festival +Jazz está de regresso ao Teatro Angrense, para apresentar ao público a sua nona edição. O +Jazz volta assim a ocupar o seu lugar na programação cultural de maio do concelho de Angra do Heroísmo.

 

A edição deste ano sob a curadoria da Porta-Jazz, da cidade do Porto, traz ao palco mais icónico da cidade de Angra uma seleção de bandas compostas por jovens promessas do jazz nacional. Importa referir e apresentar, para quem não conhece o seu trabalho, que a Porta-Jazz é uma associação com sede na cidade do Porto, gerida por 12 músicos que tem como principais motivações a promoção e a sustentabilidade do meio jazzístico nacional, incidindo no incentivo e apoio à criação original e à música improvisada.

O braço editorial da associação, o Carimbo Porta-Jazz, tem 12 anos de existência e um catálogo com mais de 80 discos editados. É aqui que os projetos mais fortes e consolidados são fixados e tem sido recorrente ao longo dos anos, um reconhecimento unânime da crítica especializada e internacional. É no seu Festival anual, que já vai na décima edição, que a Porta-Jazz conhece e oferece à cidade e em formato celebratório a sua mostra mais importante e completa. Uma mostra que espelha a cada ano que passa o meritório trabalho a várias frentes que esta associação de músicos portuenses produz. Um festival de dimensão internacional que se constrói todos os anos com as diferentes propostas estéticas que resultam da curadoria e direção a artística a cargo da associação.

 

Assim este ano é reforçada uma parceria iniciada em fevereiro de 2017, aquando do convite do festival +Jazz à Porta-Jazz para apresentar o seu primeiro ciclo nos Açores no Museu de Angra do Heroísmo com uma mostra de seis bandas entre elas o conceituado projeto d’ O Coreto Porta-Jazz, Pedro Neves Trio, Map, Sinopse, Baba Mongol e Miguel Ângelo Quarteto.

Para a nona edição do festival +Jazz a Porta-Jazz apresenta quatro bandas compostas por jovens promessas do jazz nacional.

 

No dia 27 de maio 293 Diagonal abrem a noite no Teatro Angrense. Joana Raquel na voz e Daniel Sousa no saxofone criam um intervalo espontâneo, sensível ao detalhe acústico dos seus instrumentos. Transversal à sua relação, o som molda-se arbitrariamente enquanto expõe as particularidades, semelhanças e diferenças de cada um.

Através de uma abordagem pouco convencional querem criar imagens com ideias geométricas e canções de mãos dadas com a sua narrativa. Dão espaço ao desconforto na exploração do som e a sua origem, com a intenção de desafiar as vulnerabilidades que a formação atípica apresenta.

 

Ainda no dia 27 de maio Gil Silva apresenta “Árvore” novo projeto liderado pelo trombonista. Gil Silva é um músico valioso da nova geração do jazz nacional. Este talentoso e virtuoso trombonista junta neste projeto aqui em estreia, novos valores como o saxofonista Daniel Sousa, o pianista Miguel Meirinhos, a contrabaixista Yudit Vidal e o baterista Gonçalo Ribeiro. Com esta receita que junta a música de Gil Silva e a improvisação a este valioso leque de músicos, os resultados serão certamente positivos e a promessa de um memorável bom concerto paira no ar, como a copa de uma árvore de grande porte.

No dia 28 de maio o festival recebe AP Quarteto, o guitarrista e compositor Ap é já um valor seguro e estabelecido no meio do jazz nacional. Com música escrita e gravada para formações grandes como no caso do Coreto Porta-Jazz e o seu álbum Raíz, ou incursões por formações mais pequenas como o seu “Incerteza do trio certo”, também editado pelo Carimbo Porta-jazz. Ap apresenta-se aqui com o seu novo quarteto numa experiência musical que entre outras coisas explora a simplicidade melódica, ambientes e texturas contrastantes, o groove e a improvisação livre, numa demanda musical que visa sempre alcançar a frescura e a imprevisibilidade.

E encerra o festival com “Ninhos” é o nome do disco que a cantora Joana Raquel e o pianista Miguel Meirinhos apresentaram durante o 12º festival Porta-Jazz. Este lançamento Carimbo Porta-Jazz que aconteceu integrado no festival é assim o fruto do primeiro trabalho assinado por estes dois jovens e talentosos músicos que se vão revelando cada vez mais um exemplo das novas referências musicais da cidade do Porto.

Neste seu primeiro disco, Joana Raquel, cantora com presença recorrente em projetos emblemáticos e lapidares de uma nova geração do jazz nacional como o duo de voz e saxofone 293-Diagonal ou em incursões pelo mundo do Hip Hop ao lado de “Capicua” e Miguel Meirinhos, talentoso e original pianista presente ora em projetos desta fervilhante nova geração ora ao lado do veterano e icónico Mário Barreiros e o seu quarteto, convidam o incontornável e omnipresente contrabaixista Demian Cabaud e o talentoso baterista João Cardita para juntos trabalharem e soltarem para o mundo as suas composições e letras originais. Nas palavras de Joana Raquel, “Acordámos num lugar livre. Livre das cordas com que nós próprios nos amarrámos. Acordámos num local amplo, diferente daquele onde adormecemos. Livres da própria redoma, respiramos infinitamente, sem que o oxigénio se esgote.”

Partilha