Os Equaleft comemoram em 2024 os seus 20 anos de carreira, mas o regresso aos palcos celebra – e promove – o seu terceiro álbum “Momentum“. São já três os concertos, tendo o primeiro sido no Bourbon Room, na sua cidade natal Porto, na festa de lançamento oficial do referido álbum.
Coube à mistura de crust punk com death metal dos irmãos Cruz, Spitgod, também com um trabalho editado este ano (“Through Life ‘Till Death“), abrir as proverbiais hostilidades. A casa estava ainda só em cerca de metade da capacidade que mais tarde viria a atingir, mas para uma banda de popularidade não tão alta como as do resto do cartaz, e às oito da noite, ter aquele número de pessoas a ver e aplaudir a sua prestação foi certamente gratificante.
Já os Grindead, banda relativamente jovem (seis anos) mas constituída por músicos veteranos, tiveram um público mais consistente, com vários dos seus próprios fãs. Também death, mas de uma vertente grind, os temas de “Culture Decline/Machines Arise” que escolheram e a cover “Dissection” dos lendários Genocide (dos quais alguns membros fazem agora parte dos Grindead) fizeram mais uma vez jus ao seu nome.
A dispensar apresentações, o thrash metal dos Pitch Black foi o combustível premium para as primeiras rodas de mosh. “Bastards United“, o split com Booby Trap e Buried Alive – primeiro registo com o actual vocalista Nuno Quaresma – saiu já em 2020, tendo um sucesso considerável dado ter passado uma década sem músicas novas, mas são precisamente os hinos antigos, como “Standards Of Perfection”, “Divine Not Human”, “Enemy Siege” ou “And The Killing Ends” que continuam a marcar gerações de metaleiros.
Estas foram as bandas convidadas para o evento, mas mais convidados houve para partilhar o palco com os Equaleft – incluindo antigos membros da sua formação. “Momentum” foi apresentado na íntegra, e ainda que groove metal seja, por norma, considerado menos violento que thrash ou death, os Equaleft não são uma banda normal e um verdadeiro – mas positivo – tumulto começou mal pisaram o palco. E assim se manteve durante a hora e meia que se seguiu, no que foi o concerto mais longo da banda à data. Paulo Rui (voz dos Besta e Redemptus) ajudou a berrar em “To Step“, tal como faz na versão de estúdio do álbum “Adapt & Survive”, Marco Fresco (ex-vocalista dos Tales For The Unspoken) e Tiago “Maglor” (ex-guitarrista dos próprios Equaleft) deram o seu contributo em “Invigorate” (o clássico de “As The Irony Prevails”, re-editado em “Adapt & Survive“), mas também temas de “Momentum” tiveram o seu convidado – “Strive” e “Fury” -, o guitarrista Miguel Martins que pertenceu à banda até ao final de 2023. Para o seu lugar, voltou o guitarrista original Nuno “Veggy” Cramês, que dava aqui o seu primeiro concerto após uma ausência de quase dez anos. Muitos motivos para comemorar, portanto, e a partir da meia-noite houve mais um, visto ser o aniversário do já icónico vocalista Miguel “Inglês”. Foram cantados os devidos parabéns, mas não houve bolo, mantendo-se a tradição da distribuição dos biscoitos húngaros pelo público. Uma noite memorável tanto para quem tocou como para quem viu tocar.
🖋 📸 Renata Lino