Foi apresentado esta terça feira, 28 de fevereiro, a edição de 2023 do DDD – Festival Dias da Dança. Ao longo de 13 dias, entre 18 e 30 de abril, serão apresentados 28 espetáculos, na sua maioria estreias nacionais, num total de 46 récitas, em 14 palcos no Porto, Matosinhos e Gaia. Participam no DDD 65 artistas/companhias, consagrados e emergentes, de nove nacionalidades.
Lia Rodrigues, Faye Driscoll, Emmanuel Eggermont, Tânia Carvalho, Sofia Dias & Vítor Roriz / Filiz Sizanli e Mustafa Kaplan, Dori Nigro e Gaya de Medeiros são alguns dos artistas que vão marcar presença no DDD 2023.
Na 7.ª edição, o festival transitou para um novo paradigma e o público é convidado a vivenciá-lo com confiança, consciência e curiosidade. No Teatro Rivoli, epicentro deste movimento, a comunidade vai ser convidada a usufruir de uma experiência individual em conjunto, como se estivesse num SPA em busca de bem-estar. Essa essência vai sentir-se nos diferentes espaços do Rivoli num apelo a todos os sentidos.
“Nesta edição poderão encontrar (auto)cuidado e um sentido de comunidade, de encontro e de celebração. Acreditamos firmemente que a visão artística contemporânea pode ser de grande contribuição para a sociedade de hoje”, apresenta Cristina Planas Leitão. A codiretora do Departamento de Artes Performativas da Ágora antecipa duas semanas intensas com “espetáculos e atividades, nos quais a dança se questiona e se abre a uma noção de coreografia expandida, de um lugar transcendente onde o movimento acontece, dentro e fora dos corpos, sendo capaz de reimaginar futuros”.
Ao longo de 13 dias serão apresentados 28 espetáculos, na sua maioria estreias nacionais, num total de 46 récitas, com artistas consagrados e emergentes de nove nacionalidades (Portugal, França, Alemanha, Itália, Albânia, Turquia, Cabo Verde, Brasil, EUA). Num total de 14 palcos distribuídos pelo Porto (Rivoli, Campo Alegre, CAMPUS Paulo Cunha e Silva, Serralves – Museu de Arte Contemporânea, Coliseu Porto, Palácio do Bolhão, Estação de Metro de São Bento, Avenida dos Aliados, Alameda das Fontainhas, Parque da Cidade), por Matosinhos (Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery, Casa da Arquitectura) e Gaia (Auditório Municipal, Afurada).
A abertura do DDD 23 acontece no dia 18, às 21h30, no Grande Auditório do Rivoli, com a estreia em Portugal de “Encantado”, de Lia Rodrigues (em coapresentação com a Culturgest). Na cultura afro-brasileira, os “encantados” são entidades animadas que navegam entre céu e terra, dunas e rochas, transformando-os em lugares sagrados. São estas forças misteriosas, intimamente ligadas à natureza, que estão na base deste espetáculo.
No TMM Constantino Nery será apresentado “Neighbours” de Brigel Gjoka, Rauf “RubberLegz” Yasit & Ruşan Filiztek. Resultado da colaboração entre dois artistas com percursos artísticos e heranças culturais diferentes – o pioneiro abstract b-boy Rauf “Rubberlegz” Yasit e o reconhecido bailarino de dança contemporânea Brigel Gjoka – e música do compositor Ruşan Filiztek.
A 7.ª edição do DDD conta ainda com estreia nacional de “Thank You For Coming: Space”, de Faye Driscoll, um rito de passagem partilhado, uma invocação dos poderes transformadores da presença e da ausência; “ARA! ARA!”, de Ginevra Panzetti & Enrico Ticconi (também apresentado no Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra); Tânia Carvalho está presente em dose dupla com “versa-vice” e “Madmud”, onde a coreógrafa e intérprete destila uma fluidez cativante, onde pairam ondas de melancolia e tumultos tenebrosos, através da voz e do piano; “NEBULA”, onde Vania Vaneau aborda o corpo humano na sua relação com a natureza como um encontro de campos de força num contexto pós-apocalíptico, uma espécie de arqueologia do futuro; “O agora não confabula com a espera”, de Iara Izidoro; “dalila”, de Daniela Cruz, (também apresentado no Teatro Municipal Sá de Miranda, de Viana do Castelo); “All Over Nymphéas”, de Emmanuel Eggermont / L’Anthracite, inspirado em nenúfares e na visão idílica tantas vezes representada por Claude Monet, um jardim gráfico e hipnótico; “Só Eu Tenho a Chave Desta Parada Selvagem”, de Mónica Calle / Casa Conveniente; “Serei/Afrodiaspórica”, de Dori Nigro; “NA-NÁ”, de Djam Neguin; “The Pretty Things”, de Compagnie Catherine Gaudet; e “KARPEX”, da dupla Guilherme de Sousa & Pedro Azevedo.
Da programação fazem ainda parte “Pai para jantar”, de Gaya de Medeiros (também apresentado no Teatro José Lúcio da Silva, de Leiria); “Never Odd or Even”, de Sofia Dias & Vítor Roriz / Filiz Sizanli e Mustafa Kaplan; “Muyte Maker”, de Flora Détraz / Compagnie Pli; “Pechisbeque”, de Ana Isabel Castro; “O Elefante no Meio da Sala”, de Vânia Doutel Vaz; e “A Sagração da Primavera”, do Teatro Praga & Dois Pianos e Percussões da Metropolitana, a partir do bailado de Stravinsky originalmente coreografado por Nijinski.
No dia 22, o TMP Café recebe a festa organizada pela artista multidisciplinar Odete, com a participação de Keyla Brasil, Odete, Meldaspêras, som flores + girlflux e Soundpreta. E dia 29 de abril, depois do “Art Liberates Ball”, este ano no Coliseu, há after party no TMP Café com a DJ Leo Soulflow.
Dando continuidade à parceria com o Balleteatro, o DDD Corpo + Cidade vai estrear, na Avenida dos Aliados, “B Girls” de Max Oliveira, onde quatro B-girls fazem uma intervenção urbana, entendendo e evocando um espaço criativo onde o feminino é voz, corpo, som e ordem/desordem.
Na Casa da Arquitectura, em Matosinhos, estreia “RITUAL DA VIDA”, de Bouziane Bouteldja / DANS6T; na Estação de Metro de São Bento vai poder ver-se “escrita | da atenção pluriprisma”, de Flávio Rodrigues; nos Varais da Afurada, “Pondo rezas nos lábios” de Isabel Barros & Carlos Guedes; e no Parque da Cidade do Porto, “WHAT TOOK YOU so long?” de Maurícia | Neves.
Será ainda apresentado, na Alameda das Fontainhas, “Crossing Spaces / Living Bodies II” que junta Jorge Gonçalves a um coletivo da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP). Um projeto multidisciplinar e site-specific motivado pela partilha, pela proximidade e pela criação a várias mãos, numa vontade de experienciar o hoje, procurando habitar o espaço público em coletivo.
Depois do sucesso da primeira edição, no Rivoli, a cultura ballroom está de regresso ao DDD, desta vez no Coliseu Porto Ageas. O “Art Liberates Ball“, organizado pela Vogue PT Chapter, de Mother Nala Revlon & Piny 007, acontece no dia 29 de abril, e conta com vários jurados, DJs e MCs.
Uma celebração da arte como uma das maiores formas de liberdade, de expressão, de criação e de resistência. Uma festa que promove o ballroom em Portugal e que tem como objetivo criar terreno para que a comunidade se desenvolva com consciência política e social, de forma consistente e com segurança. Ao longo da festa serão atribuídos os prémios nas diferentes categorias, com a ajuda de um júri de referência a nível internacional.
Paralelamente aos espetáculos, os artistas são convidados a partilhar experiências no CAMPUS Paulo Cunha e Silva. A programação do DDD CAMPUS procura dar resposta à procura formativa, reflexiva e crítica que a comunidade coreográfica local reivindica. Assim, durante o festival, os profissionais e estudantes de nível avançado em artes performativas podem inscrever-se no site do DDD (https://www.festivalddd.com/) e participar em Workshops com Brigel Gjoka, Dages Juvelier Keates, Gaya de Medeiros, Tânia Carvalho, Rui Silveira, Diana Niepce, Vânia Doutel Vaz, Vania Vaneau, Faye Driscoll, Caroline Gravel, Marijke Vandersmissen; e em Práticas Expandidas com Luísa Saraiva e Joana Castro.
De acesso gratuito, para o público em geral, realizam-se Aulas Abertas, de 17 e 28 de abril (exceto ao fim-de-semana), de Yoga, em parceria com a Casa Ganapati, de LGP – Linguagem Gestual Portuguesa, com Joana Cottim; e ainda o Vogue WK – Part 3, organizado pela Vogue PT Chapter, nos dias 29 e 30 de abril.
De forma a criar conexões mais fortes, ao ritmo do festival, acontece pela primeira vez o programa 3D [Difusão, Disrupção e Discurso] que pretende promover momentos informais de encontro e contacto com novas criações artísticas. Nos fins de semana do DDD (21–23 e 28–30 de abril), os profissionais das Artes Performativas são convidados a conhecer artistas programados em diferentes edições do DDD, em sessões de pitching com Catarina Miranda, Diana Niepce, Gustavo Ciríaco, Joana von Mayer Trindade & Hugo Calhim Cristovão, João dos Santos Martins, Luísa Saraiva e Piny.
No CAMPUS estarão os portuenses Aura da Fonseca e João Oliveira, e a amarantina Wura Moraes que, nos dias 22 e 29 de abril, vão abrir as portas dos estúdios e partilhar o trabalho desenvolvido em residência. A 23 e 30 vai conversar-se sobre “Reinventar instituições”, uma parceria de pensamento entre o DDD e o Alkantara Festival. Conversas abertas entre artistas e público sobre democracia e os espaços democráticos, bem-estar e saúde mental na sociedade e no espaço de trabalho das instituições. Estes encontros serão acompanhados de um brunch no TMP Café. O acesso é gratuito, mediante o levantamento de bilhete (on-line ou no Rivoli) no próprio dia.
Apresentada a 7.ª edição do DDD, e a mês e meio do seu arranque, os codiretores do DAP, Cristina Planas Leitão e Drew Klein, concluem: “Todos os dias, durante o festival, vamos experimentar a matéria vibrante e encarnar o que a dança é e significa hoje. Todos os dias, iremos dizer suavemente que persistimos e perseveramos, com a força ousada do uníssono”.
Photo: Pedro Sardinha