Curtas Competição Internacional e Silvestre… Ovos de Páscoa, Utopias, Rosas Azuis e Bruxas no IndieLisboa 2021

Com parte da programação já anunciada, o IndieLisboa desvenda agora a programação de curtas-metragens das secções Competição Internacional e Silvestre. A 18ª edição do festival acontece de 21 de Agosto a 6 de Setembro nas salas habituais. A competição internacional de curtas-metragens será composta em 2021 por 32 títulos nunca antes mostrados em Portugal, revelando um enorme conjunto de cineastas emergentes e de futuro.

 

Num ano marcado pela distância, os telefonemas pontuam Ella i Jo, o primeiro filme seleccionado desta edição e que deu o mote à competição. Mãe e filha, ambas artistas, pintam nos seus espaços – uma em Barcelona, outra em Atenas. As tentativas de chamada são o fio condutor que vem ritmar os momentos quotidianos e de criação, filmados pelo catalão Jaume Claret Muxart.

 

O cinema de animação tem sido um dos pontos fortes da competição internacional de curtas-metragens ao longo dos últimos 18 anos. Nesta edição, destacam-se Easter Eggs, de Nicolas Keppens, em competição no último festival de Berlim, onde um desentendimento entre dois amigos gera um confronto que mistura ternura e violência. Mofo Relay, de Taewan Kim e Shunny Kim, que nos leva em dois minutos de trip sideral, com alienígenas de origens enigmáticas que se divertem em conjunto. E ainda Poum Poum! de Damien Tran, um musical de animação que celebra a harmonia entre cores, texturas e sons.

 

Nos documentários destacam-se o russo Blue Rose, de Olya Korsun, ensaio visual que explora o conceito de flor, reflectindo sobre a sua beleza, história e comoditização, e My Nightingtale with Tears, de Cécile Lapergue, sobre a soprano francesa Denise Duval, conhecida sobretudo pelas suas interpretações de óperas de Francis Poulenc.

 

No território da ficção, The Shift de Laura Carreira, premiado no último festival de Veneza, reflecte sobre o trabalho e a precariedade através de uma visita de Anna ao supermercado. E Heliconia, primeiro filme de Paula Rodríguez Polanco, estreado no FID Marseille, que constitui uma sinfonia sinestésica marcada por texturas, cores, calor e corpos, onde Maria, uma rapariga de catorze anos, parte em busca do paraíso na Terra.

 

Destaque ainda para The Pleasants Effect, o filme da vida de Pete Levine. Começado em 1973 e terminado em 2020, esta primeira obra de um realizador de 70 anos conta a história de C.R. Pleasants, um inventor amador que dizia ser capaz de dispersar o nevoeiro que, nos anos 30 e 40, afligia os pilotos de aviões. Em estreia mundial, Transportation Procedures For Lovers da jovem realizadora Helena Estrela é uma experiência que reflete sobre o melhor método de chegar mais perto de quem se ama.

 

 

Na secção Silvestre, dedicada a cineastas mais experientes no campo da curta-metragem, emergem 18 filmes, muito diferentes entre si e que transpiram o brilhantismo da produção contemporânea.

 

Destaque natural para Which is Witch? de Marie Losier, presença assídua no festival desde a sua vitória em 2011 com The Ballad of Genesis and Lady Jaye. Mais uma vez, a exuberância de Losier dá a voz à loucura de universos paralelos e há Bertrand Mandico a pairar.

 

No campo da animação a histórica cineasta Joanna Quinn, nomeada para o Oscar por diversas vezes pelos seus filmes anteriores e uma das mais aclamadas animadoras a nível mundial traz Affairs of the Art. Estreado em 2021, divertido e polémico, é mais uma vez a confirmação do seu estatuto.

 

Destaque para as entradas norte-americanas da competição: três filmes inusitados, estranhos e surpreendentes. Black Square, de Peter Burr, é um quadrado preto no centro do ecrã onde se contorcem figuras humanas, uma sucessão de imagens em constante assalto visual e sonoro. Em The Canyon, Zachary Epcar filma exteriores de casas, objectos e pessoas de forma hipnotizante, convidando a uma viagem guiada por música que vai do inquietante ao sublime. Os dois realizadores regressam ao festival depois de passagens em 2017 e 2019. Finalmente, In The Air Tonight, de Andrew Norman Wilson, transforma a experiência da canção homónima de Phil Collins reimaginando-a com uma narração onírica.

 

 

O júri da Competição Internacional de Curtas-Metragens será composto por Bianca Lucas, cineasta e programadora no Festival de Cinema de Sarajevo, Réka Bucsi, vencedora do Grande Prémio de Curta-Metragem em 2018 no IndieLisboa com o filme Solar Walk, e Mariana Gaivão, realizadora do multi-premiado Ruby.

 

E para o júri da secção Silvestre conta-se com Daniel Ebner, co-fundador e director artístico do Vienna Shorts, Rita Cruchinho Neves, fundadora do atelier MODO, e Maíra Zenun, coordenadora e curadora de ciclos de cinema como a Mostra Internacional de Cinema na Cova – África e as suas diásporas.

 

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