Big Thief… Pequenos grandes ladrões que roubam a alma…

Cada vez mais os grandes concertos não escolhem dia ou data. Concertos a meio da semana quando a banda que está palco ê grande ainda sabem melhor… e foi isso que aconteceu neste regresso da banda de Adrianne Lenker a Portugal.

 

Os Big Thief são uma verdadeira prova de amor mesmo depois do dia dedicado ao “amor” já ter passado à história.

Depois do concerto de Lisboa a banda escolheu o Porto para um verdadeiro laboratório musical, por outro lado aproveitou para sentir o amor que brotava do público que acorreu em grande número ao hard club, depois de terem conquistado os fãs mais adultos do NOS Primavera Sound em 2019.

Era esse laboratório que iniciava o concerto, com estes ladrões de alma a apresentar logo 3 novas canções.

Insegura e praticamente de costas para o público, Adrianne Lenker, não podia ter melhor recepção com o experimentalismo das novas músicas. Entre o improviso e a timidez, as canções conquistaram a alma da sala… a qual viria a ser “roubado” ao longos dos 80 minutos do concerto.

 

Mas os Big Thief são muito mais que este improviso inicial, e rapidamente

as almas atentas do público foram literalmente subtraídas pela voz singela de Adrianne, levando a nossa imaginação a registos semelhantes com Angel Olsen, que ainda no mês de Janeiro tinha pisado esse mesmo palco.

Se as novas canções tinham agarrado o público pela sua singularidade, já o microfone que usou foi uma experiência provavelmente a não repetir, merecendo um aparte indirecto para Britney Spears.

 

A singularidade das canções, aliada ao modo peculiar de lidar com o público, acabaram por criar uma grande empatia junto do público, mesmo quando reconhecia junto do mesmo a quantidade de erros que iam surgindo ao longo das canções, talvez motivados pelo arranque da digressão.

Como um verdadeiro ladrão de emoções, a cumplicidade com o público manteve o seu crescendo alternado entre a melancolia perdida no horizonte, e um rock errante entre a penumbra da madrugada, salpicado de uma folk inteligente e citadina aqui e ali acutilante.

Se no NOS Primavera Sound foram as canções de “U.F.O.F” que desfilaram em palco, na noite de terça feira, “Two Hands”, o segundo disco que editaram em 2019, mereceu honras de destaque num alinhamento praticamente construído ao longo do concerto.

Venham mais terças feiras assim…

Os franceses Pays P abriram a noite.

 

Fotografias e Reportagem: Paulo Homem de Melo

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