A 2.ª edição do Festival Futurama chega ao fim já esta semana, em Beja, depois de ter deixado rasto e memórias em Mértola e em Castro Verde.
Esta sexta-feira e sábado (dias 16 e 17 de Junho, respectivamente), prepara-se para, num forte compromisso com a diversidade e a representatividade, apresentar “uma programação estreitamente conectada com o território local, num diálogo com diferentes comunidades”, como explica o director John Romão.
A 16 de Junho, fruto de uma união entre a educação e a criação artística, a dupla Ana Borralho & João Galante estreia com estudantes de uma turma da Escola Secundária Diogo de Gouveia a performance/instalação duracional “Mundos Interiores”, cujos processos foram desenvolvidos ao longo do ano e partilhados com o público no âmbito do Futurama. Ainda com o corpo enquanto motor para a criação, a bailarina e coreógrafa Clara Andermatt convida adolescentes residentes no Bairro das Pedreiras a participar num workshop de dança para, em conjunto, conceberem uma coreografia que incorpore diversas linguagens, vontades e energias. No mesmo dia, a ceramista, escultora e artista visual cabo-verdiana Jacira da Conceição mostra “Insularidade”, uma instalação e performance que celebra a ousadia de se viver em liberdade e em plenitude, reflectindo sobre as desigualdades raciais, de género, e entre o sul e o norte, na Igreja de Santo Amaro / Núcleo Visigótico (este momento repete-se no dia seguinte).
Para sábado, está reservada mais uma intervenção dos Embaixadores Futurama, dirigidos pelo seu parceiro de ideias, o performer e artista multidisciplinar brasileiro Gustavo Ciríaco. No Jardim Público de Beja, organizam um Concurso de Talentos que incentiva crianças, jovens, adultos e idosos do Baixo Alentejo a partilhar com o público as suas vocações e sensibilidades. Ao final do dia, na Santa Casa da Misericórdia, o dramaturgo e encenador Rui Catalão partilha a sua nova criação, “Mal de Ulisses”, em primeira mão no festival, e Roxana Ionesco apresenta a performance “Morte às Fantasmas”.
A edição de 2023 do Futurama termina com os concertos do projecto Cantexto – 7 grupos de cante alentejano (Rosinhas do Loredo, Cantadores de Beringel, Ceifeiras de Pias, Grupo Coral e Etnográfico de Vila Nova de São Bento, Cardadores da Sete, Grupo Coral da Mina de S. Domingos e Grupo Coral da Vidigueira) interpretam os textos encomendados a 7 autores portugueses contemporâneos (Joana Bértholo, Richard Zimler, Regina Guimarães, Ondjaki, Isabela Figueiredo, Afonso Cruz e Marta Pais de Oliveira), através de melodias compostas por Ana Santos, Celina da Piedade e Paulo Ribeiro – e da dupla brasileira Trypas Corassão, composta por Tita Maravilha e Cigarra, que, com o seu “pout pourri funk alucinação”, vão fazer o Jardim Público de Beja tremer ao som do melhor da música queer experimental do Sul global.
Todas as actividades têm entrada livre com contribuição voluntária, de forma a tornar a programação o mais acessível e inclusiva possível.
📸 Ana Viotti