Aurora é a nova confirmação Palco RUC da Queima das Fitas

A emergir de uma multidisciplinaridade que lhe pauta os dias, onde a música anda de braço dado com as artes performativas, Aurora sobe ao Palco RUC da Queima das Fitas na noite de segunda-feira, dia 23 de maio. Aurora junta-se assim aos já anunciados The Empire Line, MC Yallah & Debmaster e BADSISTA, destaques das noites de sábado, domingo e segunda-feira, dias 21, 22 e 23, respetivamente.

 

Depois de “Uterus” (2019), trabalho em que apontava a carne que se lhe apodrecia, o almejar por nova carne, quiçá capaz de lhe devolver a pertença, e que Aurora endereça “a todo o poder trans e queer que a inspirou pelo mundo”, no ano passado saíram à rua dois trabalhos: “Flesh Against Flesh”, em março, e “Nympho Maniac“, em junho.

 

Como se de um confronto do ‘eu’ que se dá por via de um em diálogo entre a recência e o vestígio, “Flesh Against the Flesh” traz 15 temas, alguns deles fruto de colaborações, como é o caso daquela que se deu com Odete, que havia já colaborado em “Uterus“, e a quem se juntam nomes como Misfit Trauma Queen, Moullinex e nëss.

Durante a primeira fase de uma pandemia que nos obrigou a manejar os dias na procura de formas de resistir, Aurora fê-lo na Noruega, onde se encontrava em residência artística. Este pequeno advento de criação viria a coagular em “Nympho Maniac”, descrito pela mesma como “manifesto de empoderamento” sobre o trabalho que tem vindo a desenvolver nas várias áreas em que cria, desde a música à performance, passando pelo teatro e pela dança. Há neste álbum um léxico coreográfico que lhe é próprio, inspirado, em particular, pelas danças urbanas que marcaram um dos primeiros trilhos em que se moveu enquanto performer e bailarina. O movimento é precisamente uma das traves mestras que ecoam nesse léxico: um léxico que evoca as suas vivências enquanto mulher trans que habita um corpo-alvo de intrínsecas construção e desconstrução, permanente  luta, solavanco, e a violência que conspurca o mundo e que por osmose altera esse movimento; afeta-lhe o ritmo.

 

Muito aquém ficam estas linhas do que representa Aurora, voz gritante em lutas contra a transfobia e a objetificação feminna, e que na música diz ter encontrado uma “salvação” – oxalá salvação seja também para aqueles que a escutam.

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