Consequência de conceções renovadas da arte, as décadas de 1960 e 1970 assistiram a uma radical transformação do papel do museu, nomeadamente através de formas inéditas de conceber e apresentar exposições e de pensar as publicações que as acompanhavam: o catálogo de exposição transformou-se frequentemente num veículo para a produção de múltiplos artísticos originais — obras de arte por direito próprio —, deixando de cumprir o papel de mera documentação para passar a ser uma extensão das exposições, ou um seu suplemento (quando a publicação não é sobre o trabalho, é o trabalho). A edição de múltiplos e de livros de artista revelou-se por isso uma ferramenta fundamental para a então muito desejada democratização da obra de arte, permitindo a qualquer pessoa ter acesso a uma obra sem ter de investir quantias significativas. Esta exposição apresenta um precursor, ambicioso e bem-sucedido exemplo deste fenómeno: as Caixas Mönchengladbach.
Mönchengladbach é uma pequena cidade alemã localizada junto à fronteira com os Países Baixos. Tornou-se muito conhecida no contexto da arte contemporânea a partir do momento em que o diretor de um dos seus museus, o Städtisches Museum Mönchengladbach, aí desenvolveu um influente programa de exposições determinantes para a compreensão da arte das décadas de 1960 e 1970, acompanhadas dos “catálogos” que talvez melhor simbolizem a forma como os artistas revolucionaram naqueles anos o formato, o papel e o alcance daquelas publicações.
Entre 1967 e 1978, foram produzidas trinta e três “catálogos”. Atualmente, as caixas ocupam um lugar de destaque nas coleções de obras de arte de diversos museus internacionais, entre as quais a Coleção de Livros e Edições de Artista da Fundação de Serralves.
Para ver na Biblioteca Municipal Ferreira de Castro, Oliveira de Azeméis de 8 de Dezembro de 2017 a 10 de Fevereiro de 2018