A sociedade dos políticos mortos pelas canções de Neneh Cherry

“Who’s that gigolo on the street… you better watch, don’t mess with me, no moneyman can win my love”.

Terá isto sido escrito por um artista trap de Brooklyn anteontem?

Cantando por uma estrela pop que ganhou força com o movimento #MeToo?

Não.

 

Foi escrito em 1989 pela primeira vez por um mulher que veio do norte para nos mostrar que não havia apenas loiras de olhos azuis na Suécia: miss Neneh Cherry. Neneh já era feminista em “Raw Like Sushi”; já tinha misturado pop com house, com trip hop, com spoken word com apenas 25 anos; já tinha provado o sucesso com “Buffalo Stance”… mas depois, nada.

Apenas três álbuns em 25 anos, até que a diva rebelde decidiu adicionar um novo nome à sua longa lista de amigos-colaboradores, Massive Attack, Tricky, Robyn. Kieran “Four Tet” Hebden produziu o seu trabalho de regresso, “Blank Project” em 2014, sem mencionar o anterior The Thing que agradou todos os amantes de jazz.

Agora, mais madura e mais verbal do que nunca sobre o estado do mundo, reuniu material suficiente para voltar ao ringue com “Broken Politics” em 2018 e trabalhou com o mesmo produtor mais uma vez. Neste álbum há jazz e Jamaica, denúncia de grupos anti-aborto e pró-armas, África e Europa, guerra e paz, Sangaré e Burial… todos omnipresentes em si mesma. Mas algumas coisas mudam: a quem ira dedicar hoje este mítico “gigolo, hein, sukka?” Não há escassez de candidatos

 

Neneh Cherry passou pelo último dia do Primavera Sound em Barcelona (As fotografias são de Sharon Lopez). Dia 8 de Junho é a vez da cidade do Porto receber a Sueca com as canções de “Broken Politics”

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